Cortesia ao volante
Num acto a todos os títulos meritório, desmiolado e inútil assinala-se hoje o dia da cortesia ao volante. Da iniciativa de uma associação de cidadãos auto-qualquer-coisa que enaltece as vantagens do amor platónico e a eficácia contraceptiva dos métodos naturais, a começar pela abstinência.
Os condutores portugueses são acusados de muita coisa, incluindo o desrespeito pelas regras de trânsito que, na maioria dos casos, não passa de grosseira ignorância. A causa dos muitos acidentes mortais que nos mantêm à frente na Europa é inevitavelmente imputada ao excesso de velocidade. E estranho que, nos últimos dias, o presidente da República tenha afirmado que mais de metade das vítimas apresente, regra geral, excesso de álcool no sangue. Embora não estranhe que diga que os condutores não cumprem as regras, desrespeitam as leis, falam ao telemóvel e palitam os dentes enquanto engrenam uma terceira de raiva a caminho do IP5.
Se as leis são desrespeitadas deve haver uma razão: ou as leis não prestam, ou não são fiscalizadas ou os portugueses são prevaricadores compulsivos. Esta última é a qualidade que atavicamente se lhes reconhece e aquela que cada um por si mais reclama, com um esgar de desprezo e uma gargalhada alarve. Mesmo que as leis sejam fabricadas nos labirintos de S. Bento, onde se observa o recato que nos seminários apenas permitem que se saiba de jovens raparigas aquilo que dizem as bíblias à venda nas livrarias de Fátima e que a beata irmã Lúcia lavrou nas suas memórias. Quanto à fiscalização, estamos conversados: o orçamento mal dá para pagar às cabeças que fazem as leis. Seria estúpido esperar que pudesse suportar ordenados de humildes fiscais, seguramente superiores ao salário mínimo nacional. E muito menos a quem ensinasse os condutores a conduzir a a conhecer as regras e as leis que privilegiadas cabeças fizeram para eles.
Mas eu, que nem sequer habitualmente conduzo na cidade - graças a Deus! - vim esta manhã para a rua montado no meu chasso, por mera questão de solidariedade. E ninguém, garanto-vos, me há-de ouvir um impropério ou uma caralhada dirigida ao condutor da frente, imóvel no semáforo adiante, depois deste ter ficado verde há cerca de um segundo. E não chamarei mais do que filhos de uma senhora que não frequenta os chás-canasta aoscabrões que me ultrapassarem pela direita, a buzinar freneticamente e a gritar tanso!
Os condutores portugueses são acusados de muita coisa, incluindo o desrespeito pelas regras de trânsito que, na maioria dos casos, não passa de grosseira ignorância. A causa dos muitos acidentes mortais que nos mantêm à frente na Europa é inevitavelmente imputada ao excesso de velocidade. E estranho que, nos últimos dias, o presidente da República tenha afirmado que mais de metade das vítimas apresente, regra geral, excesso de álcool no sangue. Embora não estranhe que diga que os condutores não cumprem as regras, desrespeitam as leis, falam ao telemóvel e palitam os dentes enquanto engrenam uma terceira de raiva a caminho do IP5.
Se as leis são desrespeitadas deve haver uma razão: ou as leis não prestam, ou não são fiscalizadas ou os portugueses são prevaricadores compulsivos. Esta última é a qualidade que atavicamente se lhes reconhece e aquela que cada um por si mais reclama, com um esgar de desprezo e uma gargalhada alarve. Mesmo que as leis sejam fabricadas nos labirintos de S. Bento, onde se observa o recato que nos seminários apenas permitem que se saiba de jovens raparigas aquilo que dizem as bíblias à venda nas livrarias de Fátima e que a beata irmã Lúcia lavrou nas suas memórias. Quanto à fiscalização, estamos conversados: o orçamento mal dá para pagar às cabeças que fazem as leis. Seria estúpido esperar que pudesse suportar ordenados de humildes fiscais, seguramente superiores ao salário mínimo nacional. E muito menos a quem ensinasse os condutores a conduzir a a conhecer as regras e as leis que privilegiadas cabeças fizeram para eles.
Mas eu, que nem sequer habitualmente conduzo na cidade - graças a Deus! - vim esta manhã para a rua montado no meu chasso, por mera questão de solidariedade. E ninguém, garanto-vos, me há-de ouvir um impropério ou uma caralhada dirigida ao condutor da frente, imóvel no semáforo adiante, depois deste ter ficado verde há cerca de um segundo. E não chamarei mais do que filhos de uma senhora que não frequenta os chás-canasta aos
1 Comentários:
Como sempre
Excelente :)
AMNM
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