26 de julho de 2005

Aeroporto e TGV

Manuel Pinho é economista, administrador do grupo Espírito Santo e ministro da economia nas horas vagas e por tempo indeterminado. Enquanto a chuva não chover, as papoilas não rebentarem espontaneamente pela planície dourada e a água não chegar, sem restrições, aos campos de golfe do barlavento algarvio.

Como membro inamovível do governo, não tem ideias. Mas faz descobertas. Ontem, dia especialmente favorável, segundo o calendário juliano e as previsões astrais da maga Maya, fez duas. Nada menos. Segundo a primeira, o país está atrasado em relação a Espanha no sector dos transportes. Constatação que, para além de descoberta é também novidade. O país foi-se convencendo de que o atraso apenas abrangia o sector das frutas e legumes - incluindo os tomates - , da indústria dos detergentes e da lixívia e dos serviços oferecidos porta a porta, incluindo a banca e os seguros. E por isso recordará sempre com incontida emoção e uma lágrima furtiva descaindo ao canto do olho, o visionário ministro de pinho. Que descobriu também o atraso dos transportes e a necessidade urgente de um TGV que ligue Sintra ao Rossio e de um aeroporto que permita a descolagem de aviões onde caiba o Alberto João para que este possa vir às reuniões do Conselho de Estado.

A segunda descoberta é a de que o rigor das contas públicas é perfeitamente compatível com a construção de um novo aeroporto na Ota e com o TGV. Da mesma forma que a fome é compatível com a vontade de comer e as taxas de juro do Banco Espírito Santo compatíveis com o preocupante endividamento das famílias. Desde que se acautele o crédito mal parado. O que, mesmo não sendo economista e tirando partido da sua especial vocação para lidar com cifras, já Mário Soares tinha descoberto nos idos de oitenta, sem perda de horas de sono e sem o avisado contributo de uma matilha de assessores. Para tanto basta apenas que se invoque o princípio da arbitrariedade da ordem dos factores, cuja demonstração levou Blaise Pascal para o Olimpo e J. Sebastião e Silva para o cemitério do Alto de S. João.

Apertar o cinto hoje e gastar à tripa-forra amanhã é rigorosamente idêntico a gastar à tripa-forra hoje e a apertar o cinto amanhã. A ordem dos factores é, naturalmente, arbitrária! Como cantava o outro, este país há-de cumprir seu ideal… há-de transformar-se num imenso Portugal!

1 Comentários:

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