Ganhei um limoeiro no quintal
Quem, como eu, não acredita nem nas intenções nem na ação do governo, dificilmente conseguirá[U1] passar a ideia de que o pai natal existe, mesmo sem o patrocínio capitalista da coca cola. Ou que, em vez da paróquia do bairro de S. João, o menino jesus terá regressado a este curto rincão da península, a bordo de um voo “low cost” – continuo a adorar a língua portuguesa! - da ryanair ou da easyjet. Isto por mais solidário que seja o Natal e pródiga a respetiva quadra.
Para voos
é curto o quintal e nem com a ajuda do meu velho amigo Segadães será possível
construir uma pista como a da Madeira, onde possa aterrar um respeitável DC-4,
a bordo do qual tive o meu batismo de voo, sempre com terra à vista, do Huambo
para Luanda. No tempo em que, se os animais não falavam, pelo menos andavam
perto de nós, rosnavam e enroscavam-se à volta da fogueira, cheirando-nos os
pés. De forma que, à maneira de D, Sebastião, fica afastada a possibilidade do
regresso do menino, esteja nevoeiro ou não.
Então isso me comprova que o pai natal existe, sem sequer me obrigar ao consumo da mixórdia ou à exibição da garrafa durante as manifestações públicas. Porquê? Ora, simplesmente porque o dia me amanheceu com um limoeiro plantado no quintal. Jovem, robusto, frondoso, à sombra do qual me acolho neste limpo dia de sol, poucos dias depois do solstício de capricórnio. Um limoeiro mais do que amigo, com o tronco e os ramos lisos, despidos de espinhos e guarnecido de farta quantidade de limões, amarelecendo como se fossem bolas de cristal enfeitando o jovem pinheiro encostado ao canto da sala, assinalando a época.
Aqui me
sento e aqui repouso, estendo as pernas e desfrutando da sombra. E aspirando
este perfume fresco e único, em dia de celebrações festivas. Como se fosse
Irresistible, de Givenchy.
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