O futebol como base de princípios e valores
Eu converti-me ao Sporting, já não sei quando, depois de um jogo de fim de época, em que a equipa lisboeta, contando ainda com os cinco violinos sobreviventes, Manuel Vasques e José Travassos, venceu, no campo do Clube Desportivo Ferrovia – completamente pelado – a seleção do Huambo, por dois a zero, com golos do Zé da Europa.
Agora,
de há muito tempo, deixei de perder tempo com o futebol. Este deixou de ser um
desporto e passou a ser uma ciência exata, com catedráticos que lhe dedicam uma
intensa e ativa vida profissional, sem que ninguém os cale ou os entenda. E é,
ao mesmo tempo, um negócio abjeto e oportunista, cheirando a esgoto, a que
falta um mínimo de transparência e que não retém nenhuns princípios e nenhuns
valores.
A
sociedade em que nos inserimos tem de apoiar-se em princípios e em valores
morais e éticos, sem necessidade de os transcrever em leis ou em outras normas.
O futebol movimenta fortunas, não gera riqueza e não respeita nada nem ninguém.
O poder político, infelizmente, enferma dos mesmos defeitos e encosta-se ao
futebol tanto quanto pode. Com a intenção de lhe dar regras? Não, mas muito
apenas com o propósito de dele tirar visibilidade e proveito.
Há cerca
de dois meses caiu o Carmo e a Trindade – que hão-de continuar de pé – quando o
treinador Ruben Amorim, a meio do contrato, se vinculou ao Manchester United,
depois deste ter satisfeito as cláusulas contratuais para a respetiva
resolução. Portanto, nada a opor, a não ser um sentimento de perda sem
quantificação e sem substrato. De imediato foi anunciado o substituto, ainda
sem curso universitário e sem carreira que lhe justificassem o endeusamento e o
salário, com contrato até, se não erro, 2027. Os resultados não foram os que se
esperavam porque, em boa verdade, nunca o são.
Como
consequência imediata, o contrato foi rasgado, o treinador vilipendiado, o seu
eventual profissionalismo arrastado pela lama. Não é nem moral, nem ético, nem
sequer legítimo. Um contrato é um contrato, celebrado entre duas partes, que
deve ser honrado, tenha a forma que tiver. Não posso concordar com isso, porque
ainda sou do tempo em que a palavra dos homens existia e tinha algum valor. A
que um contrato escrito transmitia ainda maior solidez. Os contratos são para
se cumprir. A não ser assim, e pela mesma razão, o treinador que rumou a
Inglaterra já também teria sido demitido. Ainda nem venceu a Premier League,
nem descobriu a América.
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