18 de Ourubro
Outubro é o décimo mês do ano, o terceiro que começa com uma vogal, o único que se inicia com um ditongo. O mês que amanhece depois das vindimas, com os dias a encurtarem, até ao último fim de semana para que a hora mude, a caminho do solstício de Dezembro, em vésperas de Natal. O que me traz a insegura dúvida de sempre, a incerteza entre dois dias, sempre os mesmos, dezassete ou dezanove. Pois, nem um nem outro. Dezoito, que é hoje.
É sábado e é o teu dia.
Alheio-me do tempo, cumpro a minha rotina. Entre as oito menos dez e as oito e
dez cruzo e ponte do Freixo, para sul. Até à rotunda sul sei de cor todas as
curvas, conheço todas as árvores, apercebo-me do seu rápido crescimento. Dentro
dos limites do código da estrada, vou mais leve hoje, com uma ligeira excitação
que me faz piscar os olhos sem noção disso. Na rotunda dos pastorinhos comprarei
o jornal e tomarei café, depois descerei para a vila pela estrada de Alvega. E
chegarei à mesma hora de sempre. Quase tão certo como um relógio suíço.
Faço o caminho sorrindo sozinho com o efeito inesperado da surpresa. A tua felicidade é o teu sorriso luminoso, com um ramo de flores pousado no regaço. Não dirás palavra, não farás comentários, a conversa será só nossa e ficará para mais tarde ou para o dia seguinte. Almoçaremos só os dois, ainda não sei onde. Mas talvez no fim queiras saber como terei descoberto a taberna para almoçarmos. De resto todo o tempo será pouco para ouvir as tuas histórias de vida, para aprender com elas, para saber como a humildade pode ser um caminho. Na Urtiga, à sombra de uma azinheira, com a serra estendendo-se à nossa frente. Uma estrada para uma felicidade simples e grata. No dia do teu centésimo décimo quarto aniversário. Hoje!
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