Regresso a casa
Regresso a casa de dentro de duas horas de estrada, polvilhadas por uma chuva miúda, acompanhada de alguns despistes ao encontro das barreiras metálicas de protecção. Aparentemente sem consequências de maior, para além dos sustos e das chapas retorcidas que reclamam reboque e oficina.
Durante o percurso algumas vezes me pergunto como é possível que, em tanto tempo, Portugal só tenha tido dois homens sentados ao volante de um carro de fórmula um. Mário Araújo Cabral, primeiro, que se desfez quase em bocados num acidente de que nem ele sabe como conseguiu sair vivo. Pedro Lami – que alfabeto português não tem “y”! – depois, que quase acabou feito em bocados como o primeiro, ao volante de um daqueles carro que vão para as voltas de qualificação e que, por vezes, conseguem um dos últimos lugares da grelha.
Mas não obtenho resposta e a pergunta tem toda a razão de ser. Na estrada o automobilista português é de longe superior ao Barrichello ou ao Schumaker. Ultrapassa pela direita ou pela esquerda e, às vezes, tenta mesmo ultrapassar por baixo. É sempre o último a travar e às vezes até nem sequer trava. Não precisa de mudar pneus a meio dos trajectos e é-lhe rigorosamente indiferente que os tenha com rasto ou mesmo carecas. Não precisa de nenhuma sinalização de perigo nem de nenhum aviso de precaução, porque os ignora. Muitas vezes não se apercebe sequer de que já foi baixada a bandeira de xadrez e que pode encostar às “boxes”. Não aceita penalizações nem castigos e acha que “fair play” é uma expressão estrangeira que lhe não diz coisa nenhuma.
Por fim, depois, admira-se como perdeu o controlo do carro, este foi contra o que vinha do outro lado da barreira e houve pessoas mortas e feridos graves que não tinham nada a ver com o conta rotações da sua máquina. Muito menos com as suas aptidões para conduzir carros de fórmula um em Monza ou Silverstone. Mesmo que fosse só nas voltas de qualificação!
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