Júlia Pinheiro e o seu homem do futuro
A D Júlia Pinheiro, como devem saber, é aquela apresentadora de televisão que começou por ser não sei o quê antes disso e que, depois, o Dr Rangel levou consigo para a RTP a ganhar um pouco mais do que o salário mínimo. Mas a coligação liderada pelo Dr Barroso, em que manda o Dr Portas, chegou ao Terreiro do Paço trazendo na bagagem uma lista de inscrições para empregos que nem vos conto. Quase maior do que aquela com que o ministro da saúde já acabou e, de certeza, maior do que aquela outra em que ele ainda nem sequer mexeu. Tudo gente nova, habilitada e de elevado potencial, assim um género de jeeps mas não dispostos a arriscar nada de seu e muito mais predispostos a contentarem-se com um lugarzito secundário, que não dê muito nas vistas, mesmo que seja mal remunerado - entre mil e mil e duzentos contos por mês - mas que ao menos dê direito a algumas mordomias adicionais. Um carrito de serviço, para os fins de semana na Quarteira e as férias em Benalmadena, de preferência BMW, série cinco, um cartãozito de crédito para não estar a desembolsar dinheiro próprio nos jantares de amigos, um cartão Galp frota para abastecer o pópó em viagem e uns trocaditos para ajudas de custo porque tudo o que se faz é em representação dos serviços e para bem do país. Nada demais, quaisquer trezentos contos bastam.
Esta mala de inscrições e pedidos de emprego, que era maior do que o saco de recibos de restaurantes e de bilhetes de transportes públicos que o Sr Carlos Cruz mandou o Dr Sá Fernandes levar ao tribunal, provocou de imediato grandes estragos. Com a ajuda de um ministro que fala como fala mas que na porrada dava sempre o primeiro passo em frente, - sem haver nenhum abismo mesmo ali! - aquilo acabou por ser um autêntico terramoto, muito mais devastador do que aquele que fez o Marquês de Pombal ao dar cabo dos Távoras. Nem a escala de Richter tinha tamanho que lhe servisse, como acontece com os calmeirões da NBA quando querem comprar sapatilhas na feira de Espinho. Daí a saírem ela e o Dr Rangel por uma porta das traseiras que ainda comunica com o Hotel Zurique, foi um passo. Da D Júlia não sabemos o que levou, mas consta que o Dr Rangel recebeu uns bons mesitos de subsídio, até porque tinha a mulher desempregada. Esta, mesmo tendo dispensado a mulher a dias - não o homem a dias, que aconselhamos a visitar! - e encarregando-se ela própria das lides da casa, não conseguia recuperar com o seu trabalho doméstico mais do que os cinquenta contos por mês que pagava à empregada. Uma miséria!
Mas a D. Júlia teve sorte e pronto, é desenrascada, mexeu-se. Fez muita ginástica em miúda, chegou a ser filiada na federação, uma vez até ficou em segundo lugar num concurso de turma. Era muito boa na barra fixa, acabava sempre os exercícios com um duplo mortal e três piruetas, caía a pé firme, quase não balançava. Firme sim que hirto não, isso é com o bruxo Alexandrino, ao que consta em negociações com o Benfica para tratar do presidente, do treinador e do plantel todo. Sendo assim lá conseguiu emprego na televisão de referência do país, de que não dizemos o nome, mesmo que tivesse sido para programas fora dos horários das telenovelas e das divagações eróticas do professor Marcelo. Para ajudar ao sustento da casa, que ainda tem filhos pequenos e a estudar, a coitada.
Readquiriu o seu estatuto de cromo público, assim um género de figura pública que toda a gente vê e que não quer porque já o tem colado na caderneta. Nessa qualidade deu uma entrevista à revista Lux, uma revista que nunca li, seguramente por javardice minha, que só folheio a TV mais e a Maria para aprender alguma coisa com o consultório sentimental. E disse ela mais ou menos isto: "o homem do futuro prefere fazer compras a fazer sexo, tem uma relação de proximidade com o espelho, pinta as unhas e não tem qualquer problema em frequentar um centro de estética."
A D. Júlia Pinheiro está a referir-se, é claro, ao seu futuro homem, que ninguém sabe se vai ser aquele que ela tem agora, se é que tem algum. Pelo que indica, é mesmo natural que ande já a treinar para se adaptar. O modelo é o de um homem tipo ex-deputado João Morgado que, não fosse o medo de engravidar, a poetisa Natália Correia teria posto de joelhos à conta de uns versos de pé quebrado, em plenos passos perdidos. Mas esse passou do prazo, agora nem já para fazer filhos! Que irá ao Continente comprar paninhos para a louça e sais para o banho de imersão. Não atingimos essa da relação com o espelho que até se pode quebrar e, já agora, para ver o quê? Pinta as unhas e frequenta centros de estética? Oh D. Júlia olhe que esse homem não é o do futuro, não é sequer o que o W. Bush um dia destes vai encomendar aos marcianos! Olhe que já andam por aí muitos que vão à manicura para pintar as unhas e que frequentam locais bem mais coisos do que centros de estética! A senhora anda distraída ou, com a expectativa do futuro, já não repara nos homens do presente!
Esta mala de inscrições e pedidos de emprego, que era maior do que o saco de recibos de restaurantes e de bilhetes de transportes públicos que o Sr Carlos Cruz mandou o Dr Sá Fernandes levar ao tribunal, provocou de imediato grandes estragos. Com a ajuda de um ministro que fala como fala mas que na porrada dava sempre o primeiro passo em frente, - sem haver nenhum abismo mesmo ali! - aquilo acabou por ser um autêntico terramoto, muito mais devastador do que aquele que fez o Marquês de Pombal ao dar cabo dos Távoras. Nem a escala de Richter tinha tamanho que lhe servisse, como acontece com os calmeirões da NBA quando querem comprar sapatilhas na feira de Espinho. Daí a saírem ela e o Dr Rangel por uma porta das traseiras que ainda comunica com o Hotel Zurique, foi um passo. Da D Júlia não sabemos o que levou, mas consta que o Dr Rangel recebeu uns bons mesitos de subsídio, até porque tinha a mulher desempregada. Esta, mesmo tendo dispensado a mulher a dias - não o homem a dias, que aconselhamos a visitar! - e encarregando-se ela própria das lides da casa, não conseguia recuperar com o seu trabalho doméstico mais do que os cinquenta contos por mês que pagava à empregada. Uma miséria!
Mas a D. Júlia teve sorte e pronto, é desenrascada, mexeu-se. Fez muita ginástica em miúda, chegou a ser filiada na federação, uma vez até ficou em segundo lugar num concurso de turma. Era muito boa na barra fixa, acabava sempre os exercícios com um duplo mortal e três piruetas, caía a pé firme, quase não balançava. Firme sim que hirto não, isso é com o bruxo Alexandrino, ao que consta em negociações com o Benfica para tratar do presidente, do treinador e do plantel todo. Sendo assim lá conseguiu emprego na televisão de referência do país, de que não dizemos o nome, mesmo que tivesse sido para programas fora dos horários das telenovelas e das divagações eróticas do professor Marcelo. Para ajudar ao sustento da casa, que ainda tem filhos pequenos e a estudar, a coitada.
Readquiriu o seu estatuto de cromo público, assim um género de figura pública que toda a gente vê e que não quer porque já o tem colado na caderneta. Nessa qualidade deu uma entrevista à revista Lux, uma revista que nunca li, seguramente por javardice minha, que só folheio a TV mais e a Maria para aprender alguma coisa com o consultório sentimental. E disse ela mais ou menos isto: "o homem do futuro prefere fazer compras a fazer sexo, tem uma relação de proximidade com o espelho, pinta as unhas e não tem qualquer problema em frequentar um centro de estética."
A D. Júlia Pinheiro está a referir-se, é claro, ao seu futuro homem, que ninguém sabe se vai ser aquele que ela tem agora, se é que tem algum. Pelo que indica, é mesmo natural que ande já a treinar para se adaptar. O modelo é o de um homem tipo ex-deputado João Morgado que, não fosse o medo de engravidar, a poetisa Natália Correia teria posto de joelhos à conta de uns versos de pé quebrado, em plenos passos perdidos. Mas esse passou do prazo, agora nem já para fazer filhos! Que irá ao Continente comprar paninhos para a louça e sais para o banho de imersão. Não atingimos essa da relação com o espelho que até se pode quebrar e, já agora, para ver o quê? Pinta as unhas e frequenta centros de estética? Oh D. Júlia olhe que esse homem não é o do futuro, não é sequer o que o W. Bush um dia destes vai encomendar aos marcianos! Olhe que já andam por aí muitos que vão à manicura para pintar as unhas e que frequentam locais bem mais coisos do que centros de estética! A senhora anda distraída ou, com a expectativa do futuro, já não repara nos homens do presente!
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