Agora o problema do país é só a revisão constitucional
O país não marcha. O país corre, voa à mesma velocidade que um Ferrari vermelho vivo conduzido por Michael Schumaker. Que distraidamente alguém pintou de verde e a que chamou Portugal em acção. As soluções surgem mais rápidas que os problemas, os governantes bocejam de tédio com as engrenagens a rodarem soltas, no silêncio eficiente da lubrificação. Temem, e com razão, não terem sequer tema para a primeira campanha eleitoral que chegar e o Dr Santana receia não ter ideias, este ano, para mais do que quatro livros sobre o seu consulado à frente da cultura. Faltam-lhe depois as memórias sobre os torneios de futebol de praia na Figueira da Foz, que os brasileiros invariavelmente ganharam, e sobre um pavilhão multiusos a cuja construção deu o seu beneplácito, com custos cobertos pelo governo central à custa de fundos comunitários. Já na antecipação de que, mais tarde ou mais cedo, aí seria acolhida a cantar a filha da Elis Regina e que, agradecido, um ocasional espectador lhe enviaria uma mensagem para o telemóvel.
A saúde chegou a ser um problema. Já não é. Teve a sorte de ver escolhido um ministro tão bom que nós, se fossêmos ao Dr Barroso, corríamos a encomendar outro, antes que se esgotem. E agora, que a época é propícia, com os saldos em alta, a animar o comércio, e os preços a descer à procura de compradores. Mas o ministro chegou ao gabinete, pediu as listas de espera para as cirurgias nos hospitais públicos, deram-lhe cinquenta versões diferentes, todas más. E as que não eram más eram péssimas. Concovou as televisões para a hora a que abrem os telejornais com a libertação do Iraque e a paz obesa que gera o criminoso desperdício em Monróvia. Mandou que lhe penteassem decentemente o cabelo e lhe pusessem algum betume na face, a disfarçar os buracos como na marginal para o Estoril. À hora marcada estava pronto, sentado a uma secretária de estilo, com a bandeira nacional atrás. Solenemente declarou que ia acabar com aquilo tudo e que ninguém mais ia esperar fosse por que cirurgia fosse. Bastava transformar os hospitais em sociedades anónimas.
Teve sucesso. Pagas, e bem pagas, mandou publicar páginas de anúncios a comunicar o facto ao país, robusto e saudável como nunca esteve. Alguém, malevolamente, referiu as listas para as consultas, um caso menor e sem importância, a atribuir a um qualquer vulgar ajudante de ministro que, informou, ia procurar no mercado. Mas essas, disse, irão resolver-se por si, sozinhas, sem a intervenção do governo ou dos médicos. Uma parte dos doentes atingirá a cura com o tempo e com a ajuda das ciências ocultas. A outra, finar-se-á e a segurança social aumentará razoavelmente os subsídios de funeral, para ajudar.
Conseguido isto, triplicou os vencimentos dos gestores dos hospitais SA e a espera dos estropiados nas urgências. Caso único e raro, no Hospital de S. João - no Porto, não vá o Sr ministro ser mal informado por algum ajudante! - a espera para as cirurgias de otorrino passou a ser de dois curtos anos. Comuns! Com este que corre, que é bissexto, nem sequer chega a isso. Passaram os mesmos mais competentes gestores a poder adquirir automóveis decentes, à ganância, para ficar com eles a troco de dez réis de mel coado passados três anos. E a utilizarem o cartão de crédito até alguns trinta por cento do vencimento, sempre que seja em serviço. Mesmo que político e em Sevilha!
Agora, como sabiamente salientou o querido líder do CDS, o problema do país é a revisão da constituição. Por causa da equidade e do colonialismo. O país não cabe em si de contente, feliz e de barriga cheia. Bom proveito e longa vida, como os iogurtes!
A saúde chegou a ser um problema. Já não é. Teve a sorte de ver escolhido um ministro tão bom que nós, se fossêmos ao Dr Barroso, corríamos a encomendar outro, antes que se esgotem. E agora, que a época é propícia, com os saldos em alta, a animar o comércio, e os preços a descer à procura de compradores. Mas o ministro chegou ao gabinete, pediu as listas de espera para as cirurgias nos hospitais públicos, deram-lhe cinquenta versões diferentes, todas más. E as que não eram más eram péssimas. Concovou as televisões para a hora a que abrem os telejornais com a libertação do Iraque e a paz obesa que gera o criminoso desperdício em Monróvia. Mandou que lhe penteassem decentemente o cabelo e lhe pusessem algum betume na face, a disfarçar os buracos como na marginal para o Estoril. À hora marcada estava pronto, sentado a uma secretária de estilo, com a bandeira nacional atrás. Solenemente declarou que ia acabar com aquilo tudo e que ninguém mais ia esperar fosse por que cirurgia fosse. Bastava transformar os hospitais em sociedades anónimas.
Teve sucesso. Pagas, e bem pagas, mandou publicar páginas de anúncios a comunicar o facto ao país, robusto e saudável como nunca esteve. Alguém, malevolamente, referiu as listas para as consultas, um caso menor e sem importância, a atribuir a um qualquer vulgar ajudante de ministro que, informou, ia procurar no mercado. Mas essas, disse, irão resolver-se por si, sozinhas, sem a intervenção do governo ou dos médicos. Uma parte dos doentes atingirá a cura com o tempo e com a ajuda das ciências ocultas. A outra, finar-se-á e a segurança social aumentará razoavelmente os subsídios de funeral, para ajudar.
Conseguido isto, triplicou os vencimentos dos gestores dos hospitais SA e a espera dos estropiados nas urgências. Caso único e raro, no Hospital de S. João - no Porto, não vá o Sr ministro ser mal informado por algum ajudante! - a espera para as cirurgias de otorrino passou a ser de dois curtos anos. Comuns! Com este que corre, que é bissexto, nem sequer chega a isso. Passaram os mesmos mais competentes gestores a poder adquirir automóveis decentes, à ganância, para ficar com eles a troco de dez réis de mel coado passados três anos. E a utilizarem o cartão de crédito até alguns trinta por cento do vencimento, sempre que seja em serviço. Mesmo que político e em Sevilha!
Agora, como sabiamente salientou o querido líder do CDS, o problema do país é a revisão da constituição. Por causa da equidade e do colonialismo. O país não cabe em si de contente, feliz e de barriga cheia. Bom proveito e longa vida, como os iogurtes!
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