3 de janeiro de 2004

O Dr Barroso bem avisou que já via sinais

No dia de Natal, ainda vestido com o fato de ir à missa e usando a cadeira onde se senta para os retratos, o Dr Barroso dirigiu ao país a mensagem tranquila de quem, como ele, tinha na noite anterior consoado em família, comido do melhor bacalhau e bebido da melhor pinga. Tudo à pato, mesmo que não ganhando tanto como o Sr. José Manuel Fernandes, que não é primeiro-ministro, o pudesse pagar do seu bolso. Diz um ditado antigo que é fácil falar de barriga cheia...

Prometia a glória ao país que, quer queira, quer não, há-de acabar por ser um dos mais desenvolvidos da Europa. Sem que se saiba nem quando, nem tão pouco de que Europa, porque ele o não diz. E a Europa do Dr Barroso, que já não é a do Sr Chirac, pode também não ser a nossa. Tanto mais que o Portugal dele, onde ele vê sinais - eu apenas ouço os do Sr Fernando Alves, na TSF, e mesmo assim não é sempre! - também parece cada vez mais não ser o dos portugueses em geral.

E o ano entrou de roupante, com o terramoto do Irão a chegar a este canto a ocidente de tudo. Liberalizou-se, diz-se, o preço dos combustíveis. Termo que não sei se deverá utilizar-se quando uma só empresa controla oitenta por cento do mercado. E, para começar, os preços subiram. Depois, com as finanças do grupo do Sr José de Mello estão em crise, subiram as portagens das auto-estradas. Todas! Acontecendo que oitenta por cento daquilo que pagamos chegam a ser resultados, quer dizer, lucros. E, pior do que isso, todas as portagens são pagas por inteiro, mas ninguém faz uma viagem do Porto a Lisboa, nem o inverso, sem ter que atravessar zonas de obras onde os automobilistas se concentram em fila, silenciosamente, rezando! O pão! Os aumentos do pão são considerados pelo governo tão irrelevantes com a carta anónima que o Dr João Guerra incluiu no processo da Casa Pia. Tanto assim é que, sendo sempre na ordem de dez vezes a taxa de inflacção que o governo utopicamente prevê, o seu valor é indicado como situando-se entre vinte e trinta e cinco por cento. Felizmente que o Dr Bagão - como benfiquista e bom chefe de família, que foi slogan que já deu! - antes disso aumentou três moletes diários ao salário mínimo nacional.

O pão continua a ser importante para muita gente neste país, incluindo os sem-abrigo que, às vezes, têm uma refeição no Coração da Cidade. Que beneficia do apoio do Sr Pinto da Costa, do desapoio do Dr Rui Rio e da ilegalização do Dr Paulo Morais. Deste, por entender que naquela associação se pratica bruxaria que poderá fazer tremer o seu mandato e o do seu presidente e pôr em causa a tranquilidade e a educação das criancinhas cujos pais, tão galhardamente, o Sr Nuno Santos comanda. Será que o governo, com esta contemplação pelos aumentos do pão, se estará a empenhar na luta contra a bruxaria e as ciências ocultas? Se assim for os jornais vão perder importantes receitas em publicidade. Muitos "cientistas africanos" que resolvem todos os problemas à lista, como nos restaurantes, vão ser repatriados!

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