A frouxa tourada mensal de S. Bento
De permeio o país julgou-se governado por um celibatário inteligente, beato e tonto. Que julgava fazê-lo por inspiração divina e que se sentia no dever de exorcizar os infiéis usando os serviços dos mais díspares mandatários. Nunca no percurso histórico de nenhum país, a vida de um homem teve expressão que lhe sobrevivesse por longo futuro. E assim foi também com este. Não teve a memória que dele ficou tempo suficiente para ir à fonte e lavar as mãos do sangue que deixara secar-lhe entre os dedos.
Hoje o país nem pensa que é governado seja por quem for: pura e simplesmente sabe que o não é. De quatro em quatro anos, na melhor das hipóteses, gastam uma fortuna para que uma trupe de eleitores vá fazer uma cruz num quadrado, dobrar um papel em quatro e metê-lo, à força, numa caixa de aglomerado. Saem dali, eleitos, 230 privilegiados, quase sempre os mesmos, que vão passar o tempo a discutir o sexo dos anjos e dos netos que já emprenham as filhas e as noras. Quando a ciência tem hoje meios fáceis e expeditos de saber se é menino ou menina.

Por incrível que pareça, o que se discute? O sexo dos anjos, a perda das colónias e o défice do orçamento. As discussões arrastam-se, monótonas e tristes, entre os quase três e os cerca de cinco por cento. O menos bem que o governo consegue - porque o governo nunca consegue nada mal! - é sempre culpa do passado, que não foi dele, mas da oposição. A oposição acha sempre que o último bem que o país teve foi o último governo que ela própria liderou. Não há ideias, nem imaginação, nem idoneidade, para além daquelas. Há oportunismo! Tão grosseiro, tão descarado, tão demagógico que o eleitor se sente muito cumprimentado, como atrasado mental que dele, sistematicamente, vão fazendo. Cada vez mais.
Ainda esta manhã o primeiro ministro acusava uma deputada da oposição, - cuja beleza física enaltecia, o maganão! - de nunca ter ido a eleições. O que deixa a suspeita, grave e intolerável, de haver deputados que ocuparam os seus lugares na bancada servindo-se de jagunços. Mais: ria-se o mesmo assim um bocado a despropósito, porque é primeiro-ministro e porque tem um curso superior, de políticos a que chamava comunistas envergonhados. E gargalhava, quase alarvemente. De facto é raro que haja quem possa apregoar a constância e a fidelidade ideológica do Dr Barroso. A não ser no interior do seu partido!
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