9 de fevereiro de 2004

O estádio do Dragão vai servir de palco aos casamentos de S. João

Custou mas agora sim, parece que vai. Tive grandes dificuldades em perceber a razão que levou o país a pôr em marcha a construção de dez estádios novos. Mesmo que dentro de alguns meses aí esteja a fina flor do futebol europeu para meia dúzia de jogos, umas especialidades gastronómicas tipicamente portuguesas e uma ida às docas. É verdade que não havia nenhuma razão financeira de peso que me levasse a criticar o assunto. Afinal o Estado limitara-se a comparticipar os projectos de modo simbólico e para isso o Estado ainda serve. Nunca se sabe é quando paga. O resto dos custos foi suportado pelos institutos autónomos e pelas autarquias. Dos institutos foi excluído aquele do Dr Armando Vara, criado para aumentar a segurança rodoviária e que acabou a representar a insegurança política dele. Só política, de certeza! Das autarquias foram excluídas a da ilha do Corvo e a das Selvagens. Da Madeira o que esperamos, o que convictamente suplicamos a Deus Nosso Senhor, é que nem sequer nos envie o Dr Alberto João a cobrar-nos aquilo que lhe devemos. Que ele diz, mesmo sóbrio, que é muito.

Depois comecei a perguntar-me para que serviriam os estádios depois do Euro 2004, com algumas, poucas, dezenas de jogos por ano. Nos jogos não haverá problemas, a lotação estará sempre completa, os bilhetes até são baratos. Um pouco mais carotes são os do Euro e viste-os por um canudo, o que também não admira. Mais cara é a cocaína e vende-se sem necessidade de campanhas parvas de publicidade. Mas os tempos de inactividade, os espaços entre dois jogos e mesmo a inexistência de equipas na região acabaram a preocupar-me. O do Algarve, por exemplo, nem vai servir para que lhe seja dado o nome do presidente do clube que o utilizar. E quanto ao uso nunca se sabe se haverá alguma hipótese de o alugar aos marroquinos, com toda a porrada com que os enchemos ao longo da história, com as fitas que temos feito por causa das pescas e com o facto de saberem, pelos jornais, que o Dr Barroso é tu-cá, tu-lá com o W. Bush, o T. Blair e o M. Aznar.

Mas por alguma coisa os nossos clubes são o exemplo de que fala o major Loureiro e geridos por dirigentes quase vítalícios que são muito melhores do que profissionais. Nisso têm eles e os adeptos fartas razões de regozijo, mesmo que os resultados desportivos às vezes tardem. O primeiro a diversificar a actividade foi o do Dragão. Afastada a possibilidade de extrair areia de debaixo do relvado, com receio de que venha a acontecer ao estádio o mesmo que à ponte de Entre-os-Rios, admitiu-se a possibilidade de vender como pasto a relva excedente. Infelizmente as explorações pecuárias das imediações nem galinhas criam, preferindo importá-las do Vietname, e os porcos dão-se melhor pelas redondezas de Leiria embora disso se queixem as mulheres que, à moda antiga, ainda lavam roupa nas margens dos rios.

Estádio do Dragão: celebração de casamentosO Sr Pinto da Costa acaba de celebrar um contrato de cedência do estádio para servir como igreja. Modestamente, porque catedral dizem que é o estádio da Luz e ele não quer com as entidades eclasiásticas os mesmos problemas que tem tido com a câmara desde que lá mora o Dr Rio. Nada de confusões porque as que há já chegam. Não foram reveladas as condições do contrato, nem no que respeita a contrapartidas financeiras nem no que se refere à duração. Uma coisa, no entanto, é certa. Esta é mais uma fonte de receita enquanto o Sr Deco, com a sua tendência para frequentemente mudar de mulher, é um factor de custo importante. O que se sabe, isso sim, é que as celebrações começaram sem perda de tempo.

José Magalhães e Marina Salomé já se lá casaram. Alheios aos problemas do relvado porque os pombinhos voam e, recém-casados, não desataram logo a correr um atrás do outro, aos insultos e aos arremessos. Fica para mais tarde, quando começarem a fartar-se um do outro. Quanto à noite de núpcias tiveram de ir para outro lado. O Sr Pinto da Costa ainda não avançou com o projecto de alugar quartos. Mas conta que lá se possam realizar, em Junho próximo e à semelhança de Lisboa, os casamentos de S. João.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial