34 milhões de contos chegam: construa-se mais 1 estádio
O país, já o disse anteriormente, ferve em pouca água, agita-se com pouco. Ainda há poucos dias confessou-se chocado e sentiu como tragédia aquilo que, sem os contar pelos dedos, toda a gente sabe. Bastando, para isso, que uma vez por outra se passe pelas ruas sem premeditadamente fechar os olhos.
Um qualquer estudo revelava - em termos estatísticos - que no país havia 200.000 pessoas a passar fome. O ministro deu de imediato um passo em frente para anunciar que não sabia porque, se soubesse, essas pessoas não passariam fome. E, como é hábito no país, a propósito de tudo e de nada, mandou fazer um estudo. Quando este estiver concluído as 200.000 pessoas terão todas morrido à míngua e a divulgação dos resultados será cancelada. Por inoportuna e irrelevante. Depois alguém, algum dia mais tarde, se há-de lembrar de publicar mais alguma coisa, o ministro da altura há-de de novo comover-se até às lágrimas e o ciclo recomeçará. Com mais um levantamento sobre quem de facto passa fome.
Mas hoje a revista Pública, distribuída aos domingos com o jornal Público, vem revelar que em Portugal, no ano 2.000, eram necessários cerca de 14 contos mensais para satisfazer as necessidades alimentares básicas de um português. O que, para 200.000 pessoas, corresponde a menos de 3 milhões de contos por mês e menos de 34 milhões de contos por ano. Importância equivalente à que, entre duas reuniões de gabinete, uma hora de conversa e duas breves cartas descuidamente redigidas, o Estado terá directamente entregue como comparticipação sua - quer dizer: nossa! - para a construção de um dos dez estádios que aí estão, de relvados verdejantes, prontos a serem espezinhados no Euro 2004. Entretanto a mesma fonte revela que em 2003 só a alimentação dos peixes do Oceanário de Lisboa terá custado cerca de metade dessa verba. Mas, como se sabe, o contributo do carapau e da taínha para a economia do país e para a retoma são muito mais importantes do que um completo e maltrapilho exército de famintos. Que, de certeza, nem o ministro da Defesa ousaria comandar.
Uma constatação, todavia, nos fica. Ainda que indirectamente e sem propaganda os dez estádios construídos para o Euro vão, segura e definitivamente, erradicar a fome do país. Quando isso se souber vai ser vê-los a reinvidicar os louros, do presidente da Liga ao presidente do Governo!
Um qualquer estudo revelava - em termos estatísticos - que no país havia 200.000 pessoas a passar fome. O ministro deu de imediato um passo em frente para anunciar que não sabia porque, se soubesse, essas pessoas não passariam fome. E, como é hábito no país, a propósito de tudo e de nada, mandou fazer um estudo. Quando este estiver concluído as 200.000 pessoas terão todas morrido à míngua e a divulgação dos resultados será cancelada. Por inoportuna e irrelevante. Depois alguém, algum dia mais tarde, se há-de lembrar de publicar mais alguma coisa, o ministro da altura há-de de novo comover-se até às lágrimas e o ciclo recomeçará. Com mais um levantamento sobre quem de facto passa fome.
Mas hoje a revista Pública, distribuída aos domingos com o jornal Público, vem revelar que em Portugal, no ano 2.000, eram necessários cerca de 14 contos mensais para satisfazer as necessidades alimentares básicas de um português. O que, para 200.000 pessoas, corresponde a menos de 3 milhões de contos por mês e menos de 34 milhões de contos por ano. Importância equivalente à que, entre duas reuniões de gabinete, uma hora de conversa e duas breves cartas descuidamente redigidas, o Estado terá directamente entregue como comparticipação sua - quer dizer: nossa! - para a construção de um dos dez estádios que aí estão, de relvados verdejantes, prontos a serem espezinhados no Euro 2004. Entretanto a mesma fonte revela que em 2003 só a alimentação dos peixes do Oceanário de Lisboa terá custado cerca de metade dessa verba. Mas, como se sabe, o contributo do carapau e da taínha para a economia do país e para a retoma são muito mais importantes do que um completo e maltrapilho exército de famintos. Que, de certeza, nem o ministro da Defesa ousaria comandar.
Uma constatação, todavia, nos fica. Ainda que indirectamente e sem propaganda os dez estádios construídos para o Euro vão, segura e definitivamente, erradicar a fome do país. Quando isso se souber vai ser vê-los a reinvidicar os louros, do presidente da Liga ao presidente do Governo!
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