Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma
Antigamente as famílias portuguesas, por simples vaidade, incontrolável exibicionismo ou malvadez inqualificável, aprisionavam pequeninas e frágeis avezinhas canoras em gaiolas douradas que penduravam a um canto das varandas quando a Primavera rebentava nos ramos dos plátanos e floria nos canteiros dos jardins. Sentindo-se com o sol à mão essas avezinhas esqueciam o dourado cativeiro em que eram mantidas e trinavam cantos melodiosos e contínuos, chamando a fecundidade e o Verão. Era o tempo dos canários e dos rouxinóis, espécies quase extintas, que à socapa podiam encontrar-se, ainda há pouco tempo atrás, na feira dos pássaros que, aos domingos de manhã, enchia a Rua da Madeira, ao lado da estação de S. Bento.
O tempo muda tudo! Mais vaidosas, exibicionistas e malvadas do que nunca, as famílias portuguesas já não aprisionam canários e rouxinóis em gaiolas douradas. Primeiro porque conduziram aquelas espécies a vias de extinção, o que elevou os preços a valores exorbitantes. Depois porque as gaiolas douradas desapareceram do mercado, por falta de clientela, em consequência da globalização e da concorrência oriental. Hoje aprisionam outras aves, menos dotadas para o canto mas que, apesar de tudo, chilreiam despreocupadas pelas manhãs dentro. Arrumam-nas numa tosca gaiola de madeira, encostada ao mais sombrio canto da varanda, construída com tábuas de pinho arrancadas às caixas de fruta que os agricultores nos mandam do oeste.
Não tendo a mesma vocação para o canto, chilreiam. E exibem, agitando-se numa vaidade que parece humana, a sua plumagem colorida e atraente. São os periquitos que, desde a Austrália, chegaram à gaiola do ministro Portas. Cantar, não cantam. Mas encantam na sua plumagem multicolor e no convencimento com que se miram ao espelho. Não está certo que homem tão responsável, clarividente e importante os queira, injustamente, responsabilizar pelo exagero do preço da alpista que comeram. Não meta os periquitos no défice. Porque, a ser assim, ainda acabamos a ver os pavões no forte de S. Julião, só cor e plumas, peito inchado do silicone e de tanga!
O tempo muda tudo! Mais vaidosas, exibicionistas e malvadas do que nunca, as famílias portuguesas já não aprisionam canários e rouxinóis em gaiolas douradas. Primeiro porque conduziram aquelas espécies a vias de extinção, o que elevou os preços a valores exorbitantes. Depois porque as gaiolas douradas desapareceram do mercado, por falta de clientela, em consequência da globalização e da concorrência oriental. Hoje aprisionam outras aves, menos dotadas para o canto mas que, apesar de tudo, chilreiam despreocupadas pelas manhãs dentro. Arrumam-nas numa tosca gaiola de madeira, encostada ao mais sombrio canto da varanda, construída com tábuas de pinho arrancadas às caixas de fruta que os agricultores nos mandam do oeste.
Não tendo a mesma vocação para o canto, chilreiam. E exibem, agitando-se numa vaidade que parece humana, a sua plumagem colorida e atraente. São os periquitos que, desde a Austrália, chegaram à gaiola do ministro Portas. Cantar, não cantam. Mas encantam na sua plumagem multicolor e no convencimento com que se miram ao espelho. Não está certo que homem tão responsável, clarividente e importante os queira, injustamente, responsabilizar pelo exagero do preço da alpista que comeram. Não meta os periquitos no défice. Porque, a ser assim, ainda acabamos a ver os pavões no forte de S. Julião, só cor e plumas, peito inchado do silicone e de tanga!
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