Finalmente a responsabilização
Não percebemos porque razão se fala de promiscuidade quando os políticos se intrometem no futebol. Afinal as duas actividades são muito mais semelhantes entre si do que possa parecer ao vulgar eleitor burro que não faz política, vota apenas quando o deixam e, de facto, apenas conhece com alguma detalhada certeza a realidade do balneário e as dispensas de final de época.
Desde logo no que respeita à responsabilidade. O futebolista só assume ser responsável quando mete golo na própria baliza, e mesmo assim desde que o adversário não tenha chutado contra si. O político nunca assume ser responsável porque acha que nunca mete golos na sua baliza ou dispara tiros para os seus próprios pés. Se for a nível de dirigentes a semelhança é ainda muito maior. Para ambos os sectores apenas são seleccionados os melhores e como o país é pequeno e tende demograficamente para o pousio, há muitas vezes necessidade de sobrecarregar as mesmas pessoas com variados cargos. Contra a manifesta vontade destas, que muito prezam o descanso e o convívio com a família, enquanto vêem televisão. É por isso que vemos autarcas a gerirem o futebol, dirigentes desportivos a administrarem fábricas de tecidos e administradores de sociedades desportivas a gerirem actividades nocturnas. Os melhores são poucos e, mesmo assim, uns são melhores do que outros.
Mas as coisas estão em vias de se inverter num país em que, diga-se, tudo tende cada vez mais a ser invertido. O mais evidente sinal disso deu-o ontem o Zé quando proferiu o seu discurso de encerramento no conclave enquanto o Paulo, abanando a cabeça em sinal de aprovação, assistia como convidado de honra. Até aqui o Zé tem responsabilizado o passado, omitindo o presente e renegando o futuro. As culpas vêm todas de trás e o passado não nos legou, como se sabe, nada de bom. A não ser a fama do brandy Constantino que, hoje, nem sequer tem quota de mercado que justifique pronunciar o seu nome. Vai ser diferente doravante.
O Zé assumiu-se e responsabilizou directamente o partido do Cassete Carvalhas por todos os problemas que acontecem ou venham futuramente a acontecer e que se relacionem com a segurança do Euro 2004. Decidiu-se, o que merece aplauso. O avião com turistas chega atrasado e as meninas pedirão desculpa em nome do país salientando ser a culpa do partido da foice. Meia dúzia de ingleses bêbados quebram o mobiliário de um restaurante e a culpa é do estalinismo. Quatro funcionários de turno faltam no controlo de passaportes e sente-se que as culpas devem ser assacadas ao marxismo-leninismo. Os polícias de giro - quando já só há giros de carteiros, e mesmo assim cada vez menos - fazem greve de zelo e isso é culpa da festa do Avante. Aconteça o que acontecer, mesmo aquilo que estamos longe de imaginar, a culpa é de atribuir ao camarada Cunhal que aproveita a vetusta idade que tem para as programar no longo silêncio dos seus anos.
O Zé, que parecia meio desajeitado para a bola, sem altura para defesa central, jogou em antecipação. Quando o adversário lá chegou com a cabeça já ele tinha atirado a bola pela linha de fundo, a pontapé. Quase marcava era golo na própria baliza, mas havia a desculpa de ter o adversário à ilharga. Queremos ouvir agora é a opinião abalizada do especialista Gabriel Alves!
Desde logo no que respeita à responsabilidade. O futebolista só assume ser responsável quando mete golo na própria baliza, e mesmo assim desde que o adversário não tenha chutado contra si. O político nunca assume ser responsável porque acha que nunca mete golos na sua baliza ou dispara tiros para os seus próprios pés. Se for a nível de dirigentes a semelhança é ainda muito maior. Para ambos os sectores apenas são seleccionados os melhores e como o país é pequeno e tende demograficamente para o pousio, há muitas vezes necessidade de sobrecarregar as mesmas pessoas com variados cargos. Contra a manifesta vontade destas, que muito prezam o descanso e o convívio com a família, enquanto vêem televisão. É por isso que vemos autarcas a gerirem o futebol, dirigentes desportivos a administrarem fábricas de tecidos e administradores de sociedades desportivas a gerirem actividades nocturnas. Os melhores são poucos e, mesmo assim, uns são melhores do que outros.
Mas as coisas estão em vias de se inverter num país em que, diga-se, tudo tende cada vez mais a ser invertido. O mais evidente sinal disso deu-o ontem o Zé quando proferiu o seu discurso de encerramento no conclave enquanto o Paulo, abanando a cabeça em sinal de aprovação, assistia como convidado de honra. Até aqui o Zé tem responsabilizado o passado, omitindo o presente e renegando o futuro. As culpas vêm todas de trás e o passado não nos legou, como se sabe, nada de bom. A não ser a fama do brandy Constantino que, hoje, nem sequer tem quota de mercado que justifique pronunciar o seu nome. Vai ser diferente doravante.
O Zé assumiu-se e responsabilizou directamente o partido do Cassete Carvalhas por todos os problemas que acontecem ou venham futuramente a acontecer e que se relacionem com a segurança do Euro 2004. Decidiu-se, o que merece aplauso. O avião com turistas chega atrasado e as meninas pedirão desculpa em nome do país salientando ser a culpa do partido da foice. Meia dúzia de ingleses bêbados quebram o mobiliário de um restaurante e a culpa é do estalinismo. Quatro funcionários de turno faltam no controlo de passaportes e sente-se que as culpas devem ser assacadas ao marxismo-leninismo. Os polícias de giro - quando já só há giros de carteiros, e mesmo assim cada vez menos - fazem greve de zelo e isso é culpa da festa do Avante. Aconteça o que acontecer, mesmo aquilo que estamos longe de imaginar, a culpa é de atribuir ao camarada Cunhal que aproveita a vetusta idade que tem para as programar no longo silêncio dos seus anos.
O Zé, que parecia meio desajeitado para a bola, sem altura para defesa central, jogou em antecipação. Quando o adversário lá chegou com a cabeça já ele tinha atirado a bola pela linha de fundo, a pontapé. Quase marcava era golo na própria baliza, mas havia a desculpa de ter o adversário à ilharga. Queremos ouvir agora é a opinião abalizada do especialista Gabriel Alves!
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