21 de maio de 2004

Vira o disco e toca o mesmo

Quadro comparativo dos custos dos estádios do Euro 2004

Bastas vezes nos fica a sensação preocupante de que, mesmo tentando levar as coisas a rir, apenas aqui deixamos penduradas notas breves sobre o dia a dia do país que, quase invariavelmente, lhe criticam situações, factos e comportamentos. É ainda mais frustrante tentar arrolar pontos positivos, dar voltas à cabeça, perturbar o sono das curtas noites de Verão e não sair do sítio. O país não tem ponta por onde se lhe pegue. Nasceu torto, tem vivido torto e assim vai continuar, a confirmar o dito popular.

Mas a solução, apesar de tudo, é rirmo-nos. Porque se o dia a dia nos torna depressivos, nos carrega de stress, apenas por pensarmos na renda de casa, na alimentação e nas contas de água e electricidade, vejam o que seria se caíssemos na grandessíssima asneira de tentar levar a sério a vida do país. Na primeira semana, seguramente, aventurávamo-nos a atravessar a linha do norte, exactamente no momento em que o pendular seguia a caminho de Santa Apolónia. Ou de Campanha. Nenhuma companhia de seguros aceitaria que subscrevêssemos uma apólice do ramo vida e nem o religioso banco do engenheiro Jardim Gonçalves nos valeria no crédito para a compra de casa.

O jornal Público insere hoje, na primeira página, o título Estádios do Euro arrasam as finanças das Câmaras. Uma novidade e, mais do que isso, uma descoberta. Este jornalismo há-de levar o país a descobrir o caminho marítimo para a Índia, ainda neste século e, provavelmente, a terras de Santa Cruz a meio do seguinte. Acompanha a notícia apontando alguns pequenos desvios nos custos, acidentalmente desfavoráveis, que raramente se verificam nas realizações de sucesso do país. Como no Centro Cultural de Belém, na Ponte Vasco da Gama, na Expo 98, nos estádios do Euro.

Depois, apesar do aumento incontrolado e vertiginoso dos custos, vem a dúvida. Como com o edifício transparente e com o funicular dos Guindais, no Porto. Elaborado o projecto, construído um rigoroso orçamento de custos, adjudicada a obra e terminada esta, não se sabe para que serve e ninguém a quer, nem de graça. Em relação aos estádios põe-se agora essa questão no que se refere ao do Algarve. Realizados os três encontros do Euro 2004 que para aí estão programados não se sabe que uso dar-lhe. Nem para pasto de ovelhas servirá, praticamente já ninguém investe nos rebanhos. Pelo menos de ovelhas!

De forma recorrente e demagógica o Estado canta vitória. Proclama que até gastou menos do que previa. Porque, como se sabe, as Câmaras não são instituições públicas e devem entretanto ter sido sorrateiramente privatizadas pelo ministro das polícias e dos fogos. Hoje são certamente parte da herança de António Champalimaud. E a Dra Leonor Beleza vai ter de administrar uma parte dela.

1 Comentários:

Às 11:10 da manhã , Anonymous Anónimo disse...


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