26 de maio de 2004

O debate sobre a indecência e a má educação

O governo foi esta manhã ao parlamento para aquilo a que chama o debate mensal. Escolheu o tema: ciência e inovação. Como se sabe não há assuntos de maior premência que apoquentem o país. Onde não há quase emprego, a saúde está a caminho da morte, as escolas são encerradas por não haver ninguém para aprender, o aumento das multas de trânsito está em marcha porque, com esse aumento, os condutores portugueses aprenderão, por artes mágicas, aquilo que nunca lhes foi ensinado e que está na origem da maior parte dos acidentes que ocorrem.

O governo foi de manhã porque à tarde o primeiro-ministro vai à bola. Com muita honra e a convite da UEFA. À espera de alguns dividendos convertidos em votos também. Seguramente acompanhado por uma caterva de ilustres parlamentares que mais não sabem do que tratar a política, o eleitor e o país a pontapé e à cabeçada. E reclamar sobre a ridicularia dos honorários que lhes pagam. A política é cada vez mais uma actividade a que falta honestidade, transparência de processos, elevação e boas maneiras. A política não é nenhum exercício cívico, é uma bandalheira. A que falta inteligência, cultura e ideias sensatas. É ela que recupera a antiquada imagem da empregada doméstica, perfeitamente injusta, que regateia o preço das hortaliças e reclama da carestia de vida. Não há improvisos, há insultos, Não se assiste a debates, ouvem-se peixeiradas. Não se trocam impressões, discute-se histericamente, aos gritos, de mãos nas ancas.

Hoje, aquilo que o governo anunciava como sendo o debate sobre a ciência e a inovação acabou como coisa normal, que não surpreende e muito menos entusiasma. Acabou a ser o circo de fim de festa, com artistas em idade de pré reforma, necessitados de sopas e descanso. Um debate sobre a indecência e a má educação a que até já falta a truculência do saudoso Sousa Tavares. Se bem me lembro…

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