A vulgaridade inútil do debate político
Esta semana a classe política parece ter-se fingido escandalizada por picardias menores, decorrentes da linguagem utilizada nos debates ou mesmo nos diálogos. Mas a classe política, ela própria, não representa o país em nada, nem em coisa nenhuma. Nem nisto! E, assim sendo, a última e derradeira coisa a que deve ter direito é a escandalizar-se seja com o que for.
A classe política, de há muito, não tem nenhumas ideias. E, naturalmente, quem não tem ideias também não tem palavras novas. Os partidos políticos são meros grupos de interesses, herméticos como a maçonaria e secretos como a Opus Dei, que nada têm a ver com o país. Alternadamente acabam a ocupar as cadeiras do poder, não por terem convencido o eleitorado mas, inversamente, por tê-lo defraudado. O eleitor não vota a favor da melhor proposta que lhe apresentam. Ao contrário, vota conscientemente contra o incumprimento e a desonestidade de quem ganhou as eleições anteriores. Quando se apresenta à assembleia de voto o eleitor não faz uma cruz no boletim para eleger fulano. Fá-lo apenas para impedir a reeleição de sicrano!
Na rua, a perturbar-nos a tranquilidade e o sono, está de novo meia dúzia de automóveis, cedidos por candidatos ou emprestados por empresários que esperam o retorno financeiro. Levando ao volante um voluntarioso manga de alpaca, empregado a título precário, ao abrigo de um contrato de trabalho a prazo certo, com uma bandeira drapejando ao vento e um megafone ranhoso debitando palavras com a qualidade de um gravador de cassetes comprado de madrugada, na feira de Vândoma. À mistura com a música que nas romarias de recônditas aldeias o pároco tolera, a pretexto da oferenda e das receitas da quermesse.
Ainda ontem, para o éter, os principais candidatos às eleições europeias debateram não se sabe o quê. Pelos vistos a ideia principal que atravessou o tempo foi uma mera questão de paternidade. Sabendo-se que hoje, e por lei, não há filhos ilegítimos. Os portugueses nem sabem quando se realizam as eleições para o parlamento de Estrasburgo e muito menos para que servem, a não ser para garantir apetecidos empregos a 24 cidadãos que os seus partidos seleccionaram. Como sendo os melhores e os mais capazes? Nada disso! Apenas por terem sido os que, à socapa, melhor e mais rapidamente manobraram os bastidores, ultrapassaram o próximo, fizeram tábua rasa de todos os princípios e, triunfalmente, se aprestam a envergar o fraque para os bailes de debutantes e para os coquetails de fim de tarde, regados a champanhe de boa cepa.
Que propostas concretas apresentaram? Nenhumas! Que, honestamente, são tantas quantas o eleitor poderia esperar. Em vez disso privilegiaram a discussão sobre o pai, a mãe, os tios, os padrinhos e até mesmo os parentes afastados do défice orçamental. Há quem se não conforme com a paternidade, atribuída imperativamente pelo código civil, e quem se não satisfaça com a condição de mãe, género barriga de aluguer e inseminação artificial. E continuou por divulgar o enésimo segredo de Fátima, a data exacta do regresso do Desejado e a parte a que assistia a razão no conflito que opôs D. Afonso Henriques à senhora sua mãe. Ao menos! Não se anunciou a alteração do que, por definição, é o metro linear: vai continuar a ser a décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre. Graças a Deus!
A classe política, de há muito, não tem nenhumas ideias. E, naturalmente, quem não tem ideias também não tem palavras novas. Os partidos políticos são meros grupos de interesses, herméticos como a maçonaria e secretos como a Opus Dei, que nada têm a ver com o país. Alternadamente acabam a ocupar as cadeiras do poder, não por terem convencido o eleitorado mas, inversamente, por tê-lo defraudado. O eleitor não vota a favor da melhor proposta que lhe apresentam. Ao contrário, vota conscientemente contra o incumprimento e a desonestidade de quem ganhou as eleições anteriores. Quando se apresenta à assembleia de voto o eleitor não faz uma cruz no boletim para eleger fulano. Fá-lo apenas para impedir a reeleição de sicrano!
Na rua, a perturbar-nos a tranquilidade e o sono, está de novo meia dúzia de automóveis, cedidos por candidatos ou emprestados por empresários que esperam o retorno financeiro. Levando ao volante um voluntarioso manga de alpaca, empregado a título precário, ao abrigo de um contrato de trabalho a prazo certo, com uma bandeira drapejando ao vento e um megafone ranhoso debitando palavras com a qualidade de um gravador de cassetes comprado de madrugada, na feira de Vândoma. À mistura com a música que nas romarias de recônditas aldeias o pároco tolera, a pretexto da oferenda e das receitas da quermesse.
Ainda ontem, para o éter, os principais candidatos às eleições europeias debateram não se sabe o quê. Pelos vistos a ideia principal que atravessou o tempo foi uma mera questão de paternidade. Sabendo-se que hoje, e por lei, não há filhos ilegítimos. Os portugueses nem sabem quando se realizam as eleições para o parlamento de Estrasburgo e muito menos para que servem, a não ser para garantir apetecidos empregos a 24 cidadãos que os seus partidos seleccionaram. Como sendo os melhores e os mais capazes? Nada disso! Apenas por terem sido os que, à socapa, melhor e mais rapidamente manobraram os bastidores, ultrapassaram o próximo, fizeram tábua rasa de todos os princípios e, triunfalmente, se aprestam a envergar o fraque para os bailes de debutantes e para os coquetails de fim de tarde, regados a champanhe de boa cepa.
Que propostas concretas apresentaram? Nenhumas! Que, honestamente, são tantas quantas o eleitor poderia esperar. Em vez disso privilegiaram a discussão sobre o pai, a mãe, os tios, os padrinhos e até mesmo os parentes afastados do défice orçamental. Há quem se não conforme com a paternidade, atribuída imperativamente pelo código civil, e quem se não satisfaça com a condição de mãe, género barriga de aluguer e inseminação artificial. E continuou por divulgar o enésimo segredo de Fátima, a data exacta do regresso do Desejado e a parte a que assistia a razão no conflito que opôs D. Afonso Henriques à senhora sua mãe. Ao menos! Não se anunciou a alteração do que, por definição, é o metro linear: vai continuar a ser a décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre. Graças a Deus!
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