O aumento da produtividade

Que estes gajos nos andavam todos a enganar já nós sabíamos mas, como ao Dr Louçã, faltava-nos a confirmação. Felizmente ela aí está, em letra de forma, de todo insuspeita. Porque uma revista que é distribuída conjuntamente com o jornal Público, que ostenta como director José Manuel Fernandes e como "designers" Ana Carvalho e Jorge Guimarães não pode, obviamente, ser objecto da mais ténue suspeição.

Os empresários e o governo andam há anos a insistir com o país para que este meta na cabeça que é imperioso e urgente aumentar a produtividade. Ao mesmo tempo sustentam que esse aumento se consegue à custa da redução dos salários já que o governo, contra a fundamentada pretensão dos patrões, se recusa a reduzi-los a zero, vá lá o engenheiro Ludgero Marques saber porquê.

Hoje a revista Pública tira-nos todas as dúvidas. Na secção O Índex, compilada por Paulo Anunciação, as duas primeiras constatações são:

Ano em que o escritos Vasco Graça Moura foi eleito pela primeira vez para o Parlamento Europeu: 1999.

Número total de livros de poesia, romances, monografias, traduções e outras obras publicadas pelo escritor e eurodeputado Vasco Graça Moura desde 1999: 43.

É óbvio! O que aumenta a produtividade, sem a mínima dúvida, é o exercício do cargo de eurodeputado em Estrasburgo. Fosse a remuneração um bocadito menos sovina e o Dr Graça Moura poderia ter produzido um livro por mês. Mas, mesmo assim, não é mau. Está na linha do que consegue o Dr Pacheco que actualiza o seu blogue, faz estudos sobre o comunismo, escreve enciclopédias sobre o Dr Cunhal e, em simultâneo, como no xadrez - jogo, entenda-se, nada de confusões! - mantém mesas redondas na rádio e ovais na televisão. E ainda vai passar a Páscoa com comunidades de emigantes com quem joga à sueca e compartilha um jarro de bom tinto!