Onde fica uma coisa que não existe?
O Porto não é diferente do país em coisa nenhuma. Os pormenores não lhe conferem nenhum tipo especial de identidade própria. O tempo do cimbalino já passou à história, agora o país diz palavrões de Monção a Vila Real de Santo António, troca-se menos os bês pelos vês, meia dúzia de palavras diferentes não representam coisa nenhuma. O que quer dizer que se o país é o país da trapalhada o Porto reclama para si, com justiça, a sua quota da trapalhada nacional.
Quando uma obra nunca mais está pronta é hábito dizer-se que é uma obra de Santa Engrácia. O dito está desactualizado. O Porto tem em construção, em 2004, aquela que há-de ser a obra emblemática do Porto 2001, capital europeia da cultura. Que já teve múltiplos administradores, atribuiu mordomias, conferiu estatuto. Previdente, contra todas as usuais práticas do país, - veja-se o exemplo do hipotético candidato a candidato à presidência da república com o tunel das Amoreiras! - o conselho de administração encomendou a primeira sondagem. Para quê? Ora, muito sensatamente para auxiliar a gestão e melhorar o desempenho da equipa, conferindo-lhe um ar mais científico.
Os resultados dessa sondagem é que são espantosos e, como se fosse o escândalo do apito do major Loureiro, o Jornal de Notícias proclama: metade do país não sabe onde fica a Casa da Música. Olha a grande avaria! O país não sabe onde tem a cabeça e haveria agora de saber onde fica uma coisa que não existe! Diz o mesmo jornal que nenhum português identifica os grupos residentes da Casa da Música. Pois não! As obras ainda não estão prontas, o elevador privado para acesso à casa de banho do senhor presidente do Conselho de Administração ainda não foi adquirido, a Câmara ainda não emitiu nenhuma licença de habitabilidade. É claro que não mora lá ninguém, a não ser porventura um ou outro ajudante de trolha, do Marco de Canavezes, que por lá pernoite durante a semana, no meio do estaleiro, enquanto espera para ir de fim de semana.
Mas o Porto reconhece a importância do projecto e escandaliza-se com a ignorância nacional. Setenta e cinco por cento das pessoas do Porto acham que a Casa da Música é necessária. É gente culta, que frequenta o salão de chá da Boa Nova, o restaurante da Fundação Cupertino de Miranda e os concertos de orgão da Igreja da Lapa. E que, apesar disso, acha que o Porto, como o país, não tem levado música que chegue. Deste governo e dos outros. Mais! Setenta e nove por cento são potenciais frequentadores da casa em construção. Não sabemos o que se pretende dizer aqui com potenciais, mas sejamos benévolos. Deverão ser os que se manifestam interessados em ouvir nos seus salões os concertos da Ágata e do Emanuel caso os bilhetes sejam a preço acessível e não tenham ainda esgotado. É claro que os outros, os não potenciais como agora se diz, devem ser os desempregados a quem o Dr Bagão cortou o rendimento mínimo e que não beneficiam de nenhum subsídio.
Admira-se o Porto e o conselho de administração que o país não saiba onde fica a Casa da Música. Quando, passando por lá há tanto tempo, metade do país não sabe onde desagua o rio Douro e em que margem se situa a cidade do Porto. E queriam que o país soubesse onde fica uma coisa que não existe!
Quando uma obra nunca mais está pronta é hábito dizer-se que é uma obra de Santa Engrácia. O dito está desactualizado. O Porto tem em construção, em 2004, aquela que há-de ser a obra emblemática do Porto 2001, capital europeia da cultura. Que já teve múltiplos administradores, atribuiu mordomias, conferiu estatuto. Previdente, contra todas as usuais práticas do país, - veja-se o exemplo do hipotético candidato a candidato à presidência da república com o tunel das Amoreiras! - o conselho de administração encomendou a primeira sondagem. Para quê? Ora, muito sensatamente para auxiliar a gestão e melhorar o desempenho da equipa, conferindo-lhe um ar mais científico.
Os resultados dessa sondagem é que são espantosos e, como se fosse o escândalo do apito do major Loureiro, o Jornal de Notícias proclama: metade do país não sabe onde fica a Casa da Música. Olha a grande avaria! O país não sabe onde tem a cabeça e haveria agora de saber onde fica uma coisa que não existe! Diz o mesmo jornal que nenhum português identifica os grupos residentes da Casa da Música. Pois não! As obras ainda não estão prontas, o elevador privado para acesso à casa de banho do senhor presidente do Conselho de Administração ainda não foi adquirido, a Câmara ainda não emitiu nenhuma licença de habitabilidade. É claro que não mora lá ninguém, a não ser porventura um ou outro ajudante de trolha, do Marco de Canavezes, que por lá pernoite durante a semana, no meio do estaleiro, enquanto espera para ir de fim de semana.
Mas o Porto reconhece a importância do projecto e escandaliza-se com a ignorância nacional. Setenta e cinco por cento das pessoas do Porto acham que a Casa da Música é necessária. É gente culta, que frequenta o salão de chá da Boa Nova, o restaurante da Fundação Cupertino de Miranda e os concertos de orgão da Igreja da Lapa. E que, apesar disso, acha que o Porto, como o país, não tem levado música que chegue. Deste governo e dos outros. Mais! Setenta e nove por cento são potenciais frequentadores da casa em construção. Não sabemos o que se pretende dizer aqui com potenciais, mas sejamos benévolos. Deverão ser os que se manifestam interessados em ouvir nos seus salões os concertos da Ágata e do Emanuel caso os bilhetes sejam a preço acessível e não tenham ainda esgotado. É claro que os outros, os não potenciais como agora se diz, devem ser os desempregados a quem o Dr Bagão cortou o rendimento mínimo e que não beneficiam de nenhum subsídio.
Admira-se o Porto e o conselho de administração que o país não saiba onde fica a Casa da Música. Quando, passando por lá há tanto tempo, metade do país não sabe onde desagua o rio Douro e em que margem se situa a cidade do Porto. E queriam que o país soubesse onde fica uma coisa que não existe!
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