12 de maio de 2004

Às vezes há coscuvilhices interessantes

Vale a pena, uma vez por outra, folhear um dos jornais a que chamam tablóides e que, sistematicamente, são propriedade dos grupos económicos que também são donos dos outros a que não atribuem nenhum qualificativo. O objectivo de qualquer deles, não tenhamos ilusões, é o do grupo e o deste é, inevitavelmente, vender muito. Seja como for e seja a quem for.

Por hábito folheamos diariamente um daqueles jornais a que chamam de referência. Não sabemos referência de quê, nunca ninguém o disse, nem isso importa. Paralelamente folheamos também um segundo jornal, que vai variando segundo aquilo que, ao sair de casa, nos der na veneta. Depreende-se, cremos nós, que agimos assim porque os jornais são pagos com dinheiro que é nosso. Não são oferta das editoras! Por causa das moscas…

O nosso segundo jornal de hoje é o 24 Horas onde, como no convés de um porta aviões, têm também pousado alguns reputados cronistas da nossa praça. Da edição de hoje e da secção Quentes & Boas, assinada por uma Gracinha se Sousa Botelho, respigamos, com a devida vénia, as seguintes gracinhas:

O dedicado Secretário de Estado das ComunidadesO Secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, vai estar, durante esta semana, a realizar uma longa viagem pelo Oriente, acompanhado pela assessora de imprensa.

Ao que consta, José Cesário pretende contactar a pujante comunidade portuguesa de pouco mais de centena e meia de almas que vive nas Filipinas, Tailândia e Malásia.

E leva a assessora de imprensa, porque, já se prevê, as solicitações para as entrevistas serão tantas que não vai haver mãos a medir.

Só ainda não consegui saber se, nesta longa e extenuante viagem, José Cesário planeia visitar o consulado que mandou encerrar em Hong-Kong.

Quem sabe ainda encontra por lá uma bandeira portuguesa dobrada que tanta falta faz no Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Será que José Cesário ambiciona bater o recorde de Mário Soares de voltas ao mundo?

Para quem não se lembra, recordo aqui uma velha piada que pretendia distinguir Deus e o velho Marocas e que está, precisamente, nas viagens. Deus está em todo o lado, Mário Soares já lá esteve.

Desconheço se José Cesário ainda chega a tempo de estar no dia 13 de Maio, em Lisboa. Se o fizer aconselho-o vivamente a participar num debate sobre os milagres de Fátima, organizado pela livraria Ler Devagar.

Achamos que a transcrição carece de algum rigor e é apenas nesse sentido que fazemos ao texto os seguintes acrescentos. A viagem será muito ocupada e trabalhosa, além de longa. Tanto que reclamará do Sr José Cesário mais pujança do que a atribuída à comunidade portuguesa. Não nos ficam dúvidas de que a assessora de imprensa será muito solicitada e que, como o seu chefe, acabará exausta. Ter encerrado o consulado de Hong-Kong terá tido visão premonitória, mesmo que se não recupere nenhuma bandeira. O recorde de Mário Soares está batido. Este actualmente só compete nos torneios de velhas guardas, com viagens entre Nafarros e a praia dos Tomates. Se José Cesário regressar a Lisboa a tempo do tal debate sobre Fátima, a sua participação poderá ser condicionada pelo cansaço, pela vidente Lúcia ou pela D. Fátima Campos Ferreira! Ele que se cuide, não se esfalfe!

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