4 de maio de 2004

Só Freud explicará isto!

Ao fim de mais de um ano em regime de prisão preventiva, na condição de arguido do processo conhecido por Casa Pia, Carlos Cruz foi libertado esta tarde, com a obrigação de permanecer em casa. Antes de mais, na condição de arguido, ficaria sempre sujeito, no mínimo, a termo de identidade e residência. Carlos Cruz era arguido no âmbito de um processo e continua a sê-lo. Não foi acusado de nada e, por isso mesmo, não foi condenado fosse pelo que fosse. Presume-se naturalmente inocente, como é de direito.

Pessoalmente temos por Carlos Cruz o mesmo respeito que temos para com toda a gente. Em termos profissionais, e à semelhança do país, admiramo-lo. É um homem inteligente, culto, com uma invulgar capacidade para a comunicação. Persistentemente foi ele próprio também construindo essa imagem, muito apoiado por profissionais e amigos que, nem agora, devem ser esquecidos como é o caso, conhecido, de Raúl Solnado e de Fialho Gouveia. E que, na fase difícil que tem atravessado, o não esqueceram também.

Mas Carlos Cruz não é o centro do país, tão pouco é sequer o largo de que Manuel da Fonseca fazia o centro do mundo. Os problemas do país não se resumem ou esgotam no problema pessoal de Carlos Cruz. Por maior respeito que nos mereça, por maior admiração que lhe devotemos. Por mais televisões que acompanhem os passos que dê, as palavras que pense, os gestos que faça. Haja algum decoro, persiga-se um mínimo de profissionalismo. Deixe-se que os canais privados vendam sabonetes e detergentes, como reza a cartilha de Emídio Rangel. Vá-se ao canal público e não se demita o director de informação, coitado do rapaz. Mas devolva-se o ministro ao ringue e à promissora carreira que tinha no boxe.

Achamos que todos os canais de televisão, de forma persistente e mórbida, simplesmente ultrajam Carlos Cruz desde que foi conhecida a decisão sobre a sua libertação. Não fazem informação, coisa que, de facto, raramente é seu propósito! Ou mesmo que se duvida saibam fazer! Apenas assumem comportamentos que talvez mesmo as mais avançadas teorias e técnicas da psicanálise não conseguirão facilmente explicar. Independentemente do título do post!

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