A farsa
Deixem-me começar por agradecer ao João Pedro o comentário que me deixou no "post" anterior, com o seguinte texto: Manda o rigor dizer que não foram os partidos que suportam a maioria parlamentar que chegaram a acordo sobre esta pergunta. Foram os partidos que apoiam o governo mais o principal partido da oposição - o que é um pouco diferente, não será?
Sim, claro que é diferente! Quanto à correcção não é uma mera questão de rigor. É, muito mais do que isso, uma extensão da verdade subjacente à pergunta. O lapso que cometi comprova, entretanto, duas coisas. Primeiro que nunca a atenção foi demasiada para compreender algumas situações e, segundo, que da anedota à farsa não vai, muitas vezes, mais do que um saltinho de pardal.
O assunto passa, assim de repente, de anedota a farsa pela amplitude e pela gravidade que assume. Porque num universo de 230 deputados que compõem o parlamento, 215 conceberam o disparate e pariram o aborto, o que representa mais de 93 por cento. Como o Stape tinha, em finais de 2003, 8.687.945 eleitores recenseados e como, segundo dizem, os deputados representam os eleitores, isso significa que a pergunta foi formulada por 8.121.340 deles. Assim sendo, apenas 566.605 eleitores, representados no parlamento por uns insignificantes 15 deputados, não concordam, não entendem e não conseguem interpretar o simples, linear e objectivo português em que a pergunta foi redigida.
Pasme-se todavia com o milagre digno de Fátima e a beatificação devida por Roma. Os tais 566.605 eleitores, representados por solitários 15 deputados, correspondendo a menos de 7 por cento do total, não atinge sequer a taxa de analfabetismo que este estranho país oficialmente publicita. O que comprova a inatacável erudição e sapiência dos deputados eleitos para os representar. E que naturalmente inviabiliza quaisquer tentativas - como a minha! - de questionar a boa fé e o patriotismo daqueles 215 homens sábios.
Sim, claro que é diferente! Quanto à correcção não é uma mera questão de rigor. É, muito mais do que isso, uma extensão da verdade subjacente à pergunta. O lapso que cometi comprova, entretanto, duas coisas. Primeiro que nunca a atenção foi demasiada para compreender algumas situações e, segundo, que da anedota à farsa não vai, muitas vezes, mais do que um saltinho de pardal.
O assunto passa, assim de repente, de anedota a farsa pela amplitude e pela gravidade que assume. Porque num universo de 230 deputados que compõem o parlamento, 215 conceberam o disparate e pariram o aborto, o que representa mais de 93 por cento. Como o Stape tinha, em finais de 2003, 8.687.945 eleitores recenseados e como, segundo dizem, os deputados representam os eleitores, isso significa que a pergunta foi formulada por 8.121.340 deles. Assim sendo, apenas 566.605 eleitores, representados no parlamento por uns insignificantes 15 deputados, não concordam, não entendem e não conseguem interpretar o simples, linear e objectivo português em que a pergunta foi redigida.
Pasme-se todavia com o milagre digno de Fátima e a beatificação devida por Roma. Os tais 566.605 eleitores, representados por solitários 15 deputados, correspondendo a menos de 7 por cento do total, não atinge sequer a taxa de analfabetismo que este estranho país oficialmente publicita. O que comprova a inatacável erudição e sapiência dos deputados eleitos para os representar. E que naturalmente inviabiliza quaisquer tentativas - como a minha! - de questionar a boa fé e o patriotismo daqueles 215 homens sábios.
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