Concursos com cursos
Com o ano de começo e o tempo frio, o país vai bem. Graças a Deus! Os políticos ganham para as fatiotas compradas na Maconde - exceptuando o autarca de Vila Nova de Gaia que se vê forçado a usar a mesma gravata mais de uma vez -, o futebol, como manifestação cultural, está quase de regresso, o povo sente-se feliz na perspectiva de em Fevereiro ir a uma barraca de feira e atirar velhas bolas de meia a bonecos sempre-em-pé com caras conhecidas da nossa praça.
O canil municipal funciona, sem grande conforto, o chão frio de cimento, os canídeos a ganir de frio e a uivar de fome. Mas é pena que eu não adquira o hábito de mais frequentemente passar pelo canil, assim a modos de uma antiga presidente do Movimento Nacional Feminino - com as devidas diferenças genéticas, está visto! - a visitar os bichos, a acariciar-lhes o pêlo e a perguntar-lhes pelos donos e pela família. Porque se aprende sempre nas visitas ao canil, especialmente no que respeita a modos e a boas maneiras. Como se se passasse uma tarde na cavaqueira com a D. Cinha Jardim, enquanto se ia beberricando chá preto.
Desta vez, por exemplo, fiquei a saber que António Esteves Morgado - de que nunca ouvi falar - é presidente da Câmara do Sabugal, um município que, por indesculpável falha minha, nunca visitei. Mais do que isso, e sem a mínima intenção coscuvilheira, fico mesmo a saber que tem dois filhos. Um, licenciado em veterinária, não pode cuidar da saúde da família mas pode, competentemente, tratar dos animais de estimação, sejam ou não felinos. O outro - que para ser mais exacto é outra - é socióloga e pode ocupar-se do levantamento da realidade sociológica do concelho, da freguesia e até mesmo do agregado familiar.
Ambos concorreram, sem que o pai soubesse - à semelhança daquela filha de um ex-ministro dos negócios estrangeiros que escreveu directamente a um colega do pai a pedir uma vaga num curso de medicina - a concursos abertos pela autarquia. Abertura de que o pai, desinteressado da sorte dos filhos, também não soube e, por isso, foi impedido de interceder a seu favor. Não se sabe se os concursos tiveram muitos candidatos, se houve provas e que complexidade revestiram. Creio, por mim, que não terá havido muitos concorrentes, por uma razão simples. Médicos veterinários ainda conheço alguma meia dúzia deles, todos ancorados à margem direita do Tejo, nenhum deslocado para recônditas autarquias do interior. Sociólogos até só sei do Dr. Boaventura, muito ocupado a dar aulas no estrangeiro, a viajar e, uma vez por outra, a escrever na Visão uma crónica que confesso não ler.
Pode-se agora, "a posteriori", admitir a justificada estupefacção do Sr. Morgado quando um dia, no carro de serviço, chega à câmara por volta das onze horas e depara com ambos os filhos empregados na autarquia sem seu conhecimento. Concede que não pode impedi-los de concorrer à Câmara, ao preço certo em euros ou mesmo ao quem quer ser milionário. São adultos e se não cumpriram serviço militar foi porque o ministro Portas, não se sabe com que veladas intenções, acabou com ele. Agora que a vereação lhe dê assim, de presente, dois empregos para os filhos e um presunto de Chaves que lhe mandou a casa! Honestamente - repete-se, honestamente! - não estava à espera.
O canil municipal funciona, sem grande conforto, o chão frio de cimento, os canídeos a ganir de frio e a uivar de fome. Mas é pena que eu não adquira o hábito de mais frequentemente passar pelo canil, assim a modos de uma antiga presidente do Movimento Nacional Feminino - com as devidas diferenças genéticas, está visto! - a visitar os bichos, a acariciar-lhes o pêlo e a perguntar-lhes pelos donos e pela família. Porque se aprende sempre nas visitas ao canil, especialmente no que respeita a modos e a boas maneiras. Como se se passasse uma tarde na cavaqueira com a D. Cinha Jardim, enquanto se ia beberricando chá preto.
Desta vez, por exemplo, fiquei a saber que António Esteves Morgado - de que nunca ouvi falar - é presidente da Câmara do Sabugal, um município que, por indesculpável falha minha, nunca visitei. Mais do que isso, e sem a mínima intenção coscuvilheira, fico mesmo a saber que tem dois filhos. Um, licenciado em veterinária, não pode cuidar da saúde da família mas pode, competentemente, tratar dos animais de estimação, sejam ou não felinos. O outro - que para ser mais exacto é outra - é socióloga e pode ocupar-se do levantamento da realidade sociológica do concelho, da freguesia e até mesmo do agregado familiar.
Ambos concorreram, sem que o pai soubesse - à semelhança daquela filha de um ex-ministro dos negócios estrangeiros que escreveu directamente a um colega do pai a pedir uma vaga num curso de medicina - a concursos abertos pela autarquia. Abertura de que o pai, desinteressado da sorte dos filhos, também não soube e, por isso, foi impedido de interceder a seu favor. Não se sabe se os concursos tiveram muitos candidatos, se houve provas e que complexidade revestiram. Creio, por mim, que não terá havido muitos concorrentes, por uma razão simples. Médicos veterinários ainda conheço alguma meia dúzia deles, todos ancorados à margem direita do Tejo, nenhum deslocado para recônditas autarquias do interior. Sociólogos até só sei do Dr. Boaventura, muito ocupado a dar aulas no estrangeiro, a viajar e, uma vez por outra, a escrever na Visão uma crónica que confesso não ler.
Pode-se agora, "a posteriori", admitir a justificada estupefacção do Sr. Morgado quando um dia, no carro de serviço, chega à câmara por volta das onze horas e depara com ambos os filhos empregados na autarquia sem seu conhecimento. Concede que não pode impedi-los de concorrer à Câmara, ao preço certo em euros ou mesmo ao quem quer ser milionário. São adultos e se não cumpriram serviço militar foi porque o ministro Portas, não se sabe com que veladas intenções, acabou com ele. Agora que a vereação lhe dê assim, de presente, dois empregos para os filhos e um presunto de Chaves que lhe mandou a casa! Honestamente - repete-se, honestamente! - não estava à espera.
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