África minha
Perdoe-se-me o plágio que, espero, se fique pelo título. Mas não resisto. Ainda na edição de ontem da revista Visão o fedorento Ricardo Araújo Pereira, numa das suas mais desconseguidas crónicas, reclamava para Manuel Acácio, da TSF, o prémio Nobel da Paz. E já hoje este, por obras e actos, declinava a honraria e se auto-propunha para prémio mais modesto, sem nome ou designação que me ocorra.
Na condição de moderador de um programa diário a que chamam fórum e que hoje desenterrou o tema da descolonização das colónias, velho de trinta anos. A pretexto de passarem trinta anos sobre o que apregoam como sendo a maior ponte aérea da história que terá feito regressar a este bucólico extremo ocidental da Europa alguma coisa como meio milhão de portugueses. O tema vai enchendo, para gáudio de vítimas e algozes, toda a emissão.
Antes da descolonização, 500 anos de presença portuguesa não levaram a que se percebesse nada sobre as colónias. Nunca poderiam curtos trinta anos, que não chegam para fazer de uma tília uma árvore de porte respeitável, levar a que se percebessem as condições especiais em que se processou, os dramas que encerrou e as tragédias que ainda hoje justifica. Exemplar e actual é um texto superior de Eça de Queirós incluído naquilo a que o próprio permitiu que se chamasse Uma Campanha Alegre. Cuja extensão, infelizmente, não permite que aqui transcreva palavra por palavra, até ao derradeiro ponto final. E, lamentavelmente, por erro meu ou insuficiência da rede, não consegui descobrir em linha, em nenhum sítio, A marinha e as colónias, de Julho de 1871.
Para que não subsistam dúvidas, não foi África que me pariu, mas foi África que me criou e que me deu os filhos. Essa imensa mãe de mar e sol para todos como, sublime, disse Camus. Mãe carregada de riquezas nas entranhas, originando invejas e disputas, guerras de libertação e conflitos fratricidas, humilde, simples e feliz. Ignorando stresses urbanos, vidas frenéticas, vidraças sem horizontes para além do outro lado da travessa. E convivendo com a miséria, com a fome, com a morte e com a alarve riqueza de uma classe política formada no "maquis", entornando champanhe francês como quem bebe quissângua!
Mas acredito que não merecia, como homem e como cidadão, ouvir a série de disparates que este dia me tem proporcionado. Entre fóruns para machos latinos, para fêmeas na fase da menopausa e para políticos na reserva. Estes, a começar pelo caalense Vítor Ramalho, deveriam recordar-se que em 1958 foi dirigida a António de Oliveira Salazar uma carta subscrita por Viriato da Cruz - falecido na China -, Mário Pinto de Andrade - falecido em Paris, depois de vida feita em Cabo Verde - e Lúcio Lara ,a propor que se negociasse sobre o destino e o futuro de Angola. Muita gente, durante largos anos, se sentou no café hoje e seguiu para o Tarrafal ou para outro destino no dia seguinte. Apenas por ser nacionalista!
Na condição de moderador de um programa diário a que chamam fórum e que hoje desenterrou o tema da descolonização das colónias, velho de trinta anos. A pretexto de passarem trinta anos sobre o que apregoam como sendo a maior ponte aérea da história que terá feito regressar a este bucólico extremo ocidental da Europa alguma coisa como meio milhão de portugueses. O tema vai enchendo, para gáudio de vítimas e algozes, toda a emissão.
Antes da descolonização, 500 anos de presença portuguesa não levaram a que se percebesse nada sobre as colónias. Nunca poderiam curtos trinta anos, que não chegam para fazer de uma tília uma árvore de porte respeitável, levar a que se percebessem as condições especiais em que se processou, os dramas que encerrou e as tragédias que ainda hoje justifica. Exemplar e actual é um texto superior de Eça de Queirós incluído naquilo a que o próprio permitiu que se chamasse Uma Campanha Alegre. Cuja extensão, infelizmente, não permite que aqui transcreva palavra por palavra, até ao derradeiro ponto final. E, lamentavelmente, por erro meu ou insuficiência da rede, não consegui descobrir em linha, em nenhum sítio, A marinha e as colónias, de Julho de 1871.
Para que não subsistam dúvidas, não foi África que me pariu, mas foi África que me criou e que me deu os filhos. Essa imensa mãe de mar e sol para todos como, sublime, disse Camus. Mãe carregada de riquezas nas entranhas, originando invejas e disputas, guerras de libertação e conflitos fratricidas, humilde, simples e feliz. Ignorando stresses urbanos, vidas frenéticas, vidraças sem horizontes para além do outro lado da travessa. E convivendo com a miséria, com a fome, com a morte e com a alarve riqueza de uma classe política formada no "maquis", entornando champanhe francês como quem bebe quissângua!
Mas acredito que não merecia, como homem e como cidadão, ouvir a série de disparates que este dia me tem proporcionado. Entre fóruns para machos latinos, para fêmeas na fase da menopausa e para políticos na reserva. Estes, a começar pelo caalense Vítor Ramalho, deveriam recordar-se que em 1958 foi dirigida a António de Oliveira Salazar uma carta subscrita por Viriato da Cruz - falecido na China -, Mário Pinto de Andrade - falecido em Paris, depois de vida feita em Cabo Verde - e Lúcio Lara ,a propor que se negociasse sobre o destino e o futuro de Angola. Muita gente, durante largos anos, se sentou no café hoje e seguiu para o Tarrafal ou para outro destino no dia seguinte. Apenas por ser nacionalista!
3 Comentários:
Nestes dias tem-se feito uma publicidade enorme a esta ponte aérea. Contudo a missão para a qual ela foi feita, falhou...
É pena que deixemos quase tudo a meio, como sempre.
Podia-se ter feito muito muito mais, mas atento o período que se vivia, não seria possível fazer de outro modo.
O que não invalida uma reparação ainda hoje em dia.
A Descoloniazação foi uma tragédia para os povos das ex-colónias.Tinham esse direito.
Contudo, os Libertadores têm-nos espoliado e escravizado de forma ignóbil ao longo de 3 décadas.
A guerra pela libertação das ex-colónias ainda não acabou infelizmente, e tudo indica que muito tempo falta....
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