A justiça
Saddam Hussein, o pior exemplar que a humanidade já produziu, desde os tempos imemoriais em que ainda andava a quatro patas, se pendurava pelas caudas nos galhos de árvores centenárias e nem sequer Charles Darwin tinha nascido, foi ontem condenado à morte. A sentença colheu de surpresa meio mundo e deixou estupefacto o outro meio, por ter sido de todo imprevisível. Especialmente por ser decretada alguns anos depois de George W. Bush ter decidido que a democracia deveria ser instituída no Iraque, nem que para isso fosse preciso mobilizar bombardeiros para trabalhar por turnos e aos fins de semana. E, como se sabe, a guerra não teve sequer os episódios dramáticos que Raúl Solnado tão bem descreveu relativamente ao conflito mundial de 1914-1918. Tanto assim que mal uma fuga de informação deu conhecimento do seu início logoo presidente americano se aprestou a anunciar o seu termo e a sua vitória. Daí para cá o que de mais violento chegou a Bagdad foi uma imagem, benzida, da virgem de Fátima, com pombas e rosas brancas carregando-lhe o andor.
Hoje, com a habitual isenção e o rigor do costume, o jornal de referência dá-me maiores detalhes, o que se louva. Fica-se a saber que o monstro das cavernas, por incomensurável brandura da humanidade e complacência religiosa do sistema de Bush e Associados, Inc, foi condenado por um tribunal iraquiano. Onde nada, nem a língua usada no decreto que o instituiu nem tão pouco o apelido dos juízes, teve a mínima proximidade com nada que fosse ocidental, democrático ou americano. O apelido mais próximo dos inqualificáveis apelidos americanos era o muito latino, insuspeito e terceiro-mundista Fernandes cuja etimologia, por falta de subsídio da taberna do Dr Rui Rio, eu próprio desconheço e a ciência genealógica comodamente ignora.
E acho bem, até digo que acho mesmo muito bem, que o inqualificável energúmeno seja enforcado, de preferência duas vezes, a bem dos direitos humanos, da paz universal e da abolição da pena de morte. De preferência usando uma gravata de seda, expressamente encomendada para o efeito na mais requintada boutique da baixa novaiorquina. Para não mogoar tanto e não lhe deixar marcas de violência no pescoço!
Hoje, com a habitual isenção e o rigor do costume, o jornal de referência dá-me maiores detalhes, o que se louva. Fica-se a saber que o monstro das cavernas, por incomensurável brandura da humanidade e complacência religiosa do sistema de Bush e Associados, Inc, foi condenado por um tribunal iraquiano. Onde nada, nem a língua usada no decreto que o instituiu nem tão pouco o apelido dos juízes, teve a mínima proximidade com nada que fosse ocidental, democrático ou americano. O apelido mais próximo dos inqualificáveis apelidos americanos era o muito latino, insuspeito e terceiro-mundista Fernandes cuja etimologia, por falta de subsídio da taberna do Dr Rui Rio, eu próprio desconheço e a ciência genealógica comodamente ignora.
E acho bem, até digo que acho mesmo muito bem, que o inqualificável energúmeno seja enforcado, de preferência duas vezes, a bem dos direitos humanos, da paz universal e da abolição da pena de morte. De preferência usando uma gravata de seda, expressamente encomendada para o efeito na mais requintada boutique da baixa novaiorquina. Para não mogoar tanto e não lhe deixar marcas de violência no pescoço!
1 Comentários:
Como diria a direita moderna: querem dizer que o aborto é livre e instaurar a pena de morte! Isto é "aonde" leva a democracia ... se não for mais longe a fantochada (providências cautelares, recorrências). No Chile ainda estão à espera que o velhinho fique criança para o acusar de vez...
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