O preservativo
Em Portugal, desde longa data, com a maior das facilidades e pelas mais diversas razões se diz que caem o carmo e a trindade. O dito popular corria o risco de ser linguisticamente enriquecido, salvo seja, com a queda dos clérigos. Mas o norte é uma nação e o Dr Rui Rio, como se sabe, um predestinado autarca e um muito iluminado e incompreendido presidente de câmara. Vai daí negociou as obras de conservação da igreja dos Clérigos, incluindo a sua emblemática torre de 76 metros, a troco de cerveja, presumivelmente sem álcool. Cavalheiro por natureza, como também se sabe, enviou para a residência do senhor bispo do Porto algumas das bejecas recebidas, de forma a evitar a oposição clerical à indómita vontade do sacana do mecenas. Este, como mandam a fé e a moral, mesmo contra o concílio e contra o senhor cardeal patriarca, despachou invocando o mesmo interesse público que invocou o Dr Madail por sinal um iluminado correlegionário do Dr Rio! para devolver às honestas funções de contínuo na Lixa um eficaz ponta de lança do Gil Vicente.
Em consequência, de repente, foram a igreja e a respectiva torre envolvidas num preservativo gigante ostentando publicidade nos rebordos. A bem do interesse público, da condecoração do presidente da Câmara e da transferência do professor Jesualdo para a bouça do Dragão. O senhor bispo do Porto redimiu-se ordenando que pusessem as bejecas no frigorífico, benzendo-se três vezes e fazendo o sinal da cruz. O Dr Rio foi recebido em audiência, confessou-se sem exagerar nos detalhes e aceitou humildemente, como é seu timbre, a penitência que lhe foi decretada. Como sempre, por falta de cultura democrática e da instrução necessária, os magarefes, sapateiros, caldeireiros e apreciadores do cozido à portuguesa da Adega Vila Meã não perceberam nada desta merda. Assustados, ao que se presume, os turistas deixaram de espojar-se no chão, desfazendo-se das pulgas e carraças com que chegavam à cidade. Onde está o mal?
Em consequência, de repente, foram a igreja e a respectiva torre envolvidas num preservativo gigante ostentando publicidade nos rebordos. A bem do interesse público, da condecoração do presidente da Câmara e da transferência do professor Jesualdo para a bouça do Dragão. O senhor bispo do Porto redimiu-se ordenando que pusessem as bejecas no frigorífico, benzendo-se três vezes e fazendo o sinal da cruz. O Dr Rio foi recebido em audiência, confessou-se sem exagerar nos detalhes e aceitou humildemente, como é seu timbre, a penitência que lhe foi decretada. Como sempre, por falta de cultura democrática e da instrução necessária, os magarefes, sapateiros, caldeireiros e apreciadores do cozido à portuguesa da Adega Vila Meã não perceberam nada desta merda. Assustados, ao que se presume, os turistas deixaram de espojar-se no chão, desfazendo-se das pulgas e carraças com que chegavam à cidade. Onde está o mal?
4 Comentários:
é, de facto, uma situação lamentável... e logo no Verão! Por vezes somos mesmo terceiro mundo...
Mais uma vez parapéns ao LFV pela prosa inspirada :-)
JRP
por vezes?
AM
Em qualquer cidade do mundo há por vezes a infelicidade de encontrar monumentos em obras de requalificação quando viajo. Nesses casos, lamento, mas faço votos de regressar mais tarde para o rever. Isto seja de Verão, Inverno, Primavera ou Outono.
Também em qualquer cidade do mundo há velhos do Restelo, que criticam por criticar, muitas vezes com algum ressentimento injustificado. Felizmente, há sempre quem não ligue a velhos do Restelo, e faça o que tem de ser feito, no momento em que deve ser feito: quando há oportunidade.
Melhores cumprimentos.
... diz-se no "post", com intenção irónica, que uma série de respeitáveis profissionais e de incondicionais apreciadores do cozido da Rua dos Caldeireiros não tinha percebido o essencial da questão do preservativo à volta da magnífica Torre dos Clérigos! Pelos vistos o "novo do Restelo" que assinou o comentário anterior também não!....
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