Zé Sócrates goes to Hollywood
Os governos, todos os governos, e bem, acreditam de forma linear e irreversível que ter ideias é ser idiota. Vai daí, a última coisa que qualquer governante local, regional ou central deseja, em defesa da sua carreira e para benefício do país, é ter uma ideia. Qualquer que ela seja, por mais simples, por mais razoável, por mais racional. Porque ao poder se chega, como se sabe, por complexos e ínvios caminhos, sem realização de concurso público, sem habilitações, sem projectos e, de forma superior, sem nenhuma ideia. O político exemplar, aquele que só tinha qualidades, podia encontrar-se, ainda há poucos anos atrás, na Praça da Liberdade, frente à Imperial, onde hoje funciona um qualquer restaurante de gastronomia regional americana. A promover a eficácia incontornável da pomada para a queda do cabelo e para a eliminação dos calos, conjuntamente com os méritos de uma caneta especial, de tinta permanente, indicada para ileteratos, analfabetos e reformados dos negócios de volfrâmio.
Não admira portanto que os governos, todos os governos, não sejam mais do que encenação e "show off", vocábulo importado do dialecto mirandês, ainda sem versão portuguesa aprovada em plenário de ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, incluindo o remoto arquipélago dos Bijagós e as primitivas ilhas da Madeira e de Porto Santo. São frequentes as imagens que a televisão passa, incluindo a de serviço público e das notas soltas do advogado Vitorino, que mais amamos por nos servir a cultura do bacalhau de Quim Barreiros e nos vender em pacotes promocionais detergentes para a loiça e inquilinos para Belém. Com os deputados, ministros e respectivos ajudantes pondo-se em bicos de pés, encavalitando-se sorrateiramente em cima de meia dúzia de pastas de arquivo morto, a espreitar por detrás das deambulações filosóficas do emigrante Pauleta e do doméstico Sabrosa.
Com pompa e circunstância, vestindo elegantemente Rosa e Teixeira como há-de referir o cronista social Carlos Castro, de forma heróica e sem ideias, esta tarde "Zé Sócrates goes to Hollywood", via CTT. Ao anunciar que cada um dos dez milhões de portugueses que somos, incluindo os que votaram Bloco de Esquerda e Garcia Pereira, vai dispor gratuitamente de uma caixa de correio electrónico. Para onde, de forma anónima, passará a ser remetida toda a propaganda à pornografia, ao viagra, aos relógios rolex contrafeitos no Marco de Canaveses e às vantagens do país ter no governo, em todos os governos, uma maioria estável e coerente. Sem ideias e que tenha como projecto a descoberta do caminho marítimo para a Índia!
Não admira portanto que os governos, todos os governos, não sejam mais do que encenação e "show off", vocábulo importado do dialecto mirandês, ainda sem versão portuguesa aprovada em plenário de ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, incluindo o remoto arquipélago dos Bijagós e as primitivas ilhas da Madeira e de Porto Santo. São frequentes as imagens que a televisão passa, incluindo a de serviço público e das notas soltas do advogado Vitorino, que mais amamos por nos servir a cultura do bacalhau de Quim Barreiros e nos vender em pacotes promocionais detergentes para a loiça e inquilinos para Belém. Com os deputados, ministros e respectivos ajudantes pondo-se em bicos de pés, encavalitando-se sorrateiramente em cima de meia dúzia de pastas de arquivo morto, a espreitar por detrás das deambulações filosóficas do emigrante Pauleta e do doméstico Sabrosa.
Com pompa e circunstância, vestindo elegantemente Rosa e Teixeira como há-de referir o cronista social Carlos Castro, de forma heróica e sem ideias, esta tarde "Zé Sócrates goes to Hollywood", via CTT. Ao anunciar que cada um dos dez milhões de portugueses que somos, incluindo os que votaram Bloco de Esquerda e Garcia Pereira, vai dispor gratuitamente de uma caixa de correio electrónico. Para onde, de forma anónima, passará a ser remetida toda a propaganda à pornografia, ao viagra, aos relógios rolex contrafeitos no Marco de Canaveses e às vantagens do país ter no governo, em todos os governos, uma maioria estável e coerente. Sem ideias e que tenha como projecto a descoberta do caminho marítimo para a Índia!
3 Comentários:
"[...] goes to hollywood?!..."; o Sócrates? Eh, eh, eh... E levará uns calçõezinhos às riscas vestidos?
Ganda posta, esta.
Um abraço,
Francisco Nunes
Eu passo aqui. Somos do Porto e pensamos o mesmo das coisas simples. Eu não sou jornalista nem opinion-maker: por isso este espaço "nosso" é importante! Só queria saber o que pensa do que vai ser a próxima semana, para Portugal: sem choque futebolístico, voltaremos à "bisonhice", não acha? Mas como já está tudo a pensar nas férias ... mais uma pausa no que é importante resolver e pensar!
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