A finesse da rentrée
Plutão, pasme-se, já não é um planeta, é um arremedo! Despromovido à liga de honra por falta de vitórias, insuficiêndia de pontos e excesso de golos sofridos. Com pior imagem desportiva do que o Belenenses e o Gil Vicente juntos, ambos convenientemente apupados na lota de Matosinhos com impropérios e socos no baixo ventre. Portugal deixou de ser o minúsculo rectângulo verde, debruçado sobre o mar que se esparrama a ocidente. Segundo projecto das sumidades Siza e Moura é apenas um paralelo de granito encavalitado no cabo da Roca, em equilíbrio instável, desafiando as leis da física, a consolidação das contas públicas e o envio de tropas para o Líbano. Não é um país, nem o foi, nem o será. Portugal é um exército maltrapilho, uma tropa fandanga, um ignorado e valente soldado Chveik armado de vassoura e cantil que não tem a altura mínima exigida a um candidato a polícia-sinaleiro. Que comanda, descomanda, obedece, desobedece, negoceia em batatas, passa à reserva, vira empresário de sucesso e dono da bola. Portugal é um escarro, verde da tísica, vermelho da hemorragia, mais vermelho que verde, febre, hemoptise, dispneia e suores nocturnos, diga trinta e três, salve Manuel Bandeira!
Portugal é o Doutor Vasco Pulido Valente fazendo campismo a uma mesa do Gambrinus, comendo camarões de Moçambique, calibre 20, e deixando a lagosta para os refundadores da direita, da monarquia, dos comentários televisivos das segundas-feiras e da Avenida dos Aliados, no Porto. Portugal não é uma anedota porque, mesmo velho, o senhor Raúl Solnado tem muito mais piada que o país e o largo do Rato. Portugal é uma distante ilha do Pessegueiro, atrasada e inóspita, pronta a ser invadida por uma horda de bárbaros vindos de ocidente a cavalo em canoas trazendo ao leme o heroico beato Alberto João. Portugal é o engenheiro Sócrates jágoverno, feito de caliça e pau a pique, promovendo passaportes, complicando o simplex, estudando manuais de regressão linear e legalizando meia dúzia de emigrantes brasileiros que rentabilizam a indústria do churrasco. Portugal é o salário mínimo exportado para África nos bolsos da comitiva do primeiro-ministro, o conselho superior de defesa nacional convocado sem dúvidas nem enganos para decidir o decidido, esconder o escondido, preservar a virgindade das prostitutas na pre-reforma. Portugal é isto, mais os Drs Marques Mendes, Paulo Portas e Manuel Monteiro sem representação parlamentar e sem crédito no telemóvel para o envio de sms... Que, como as iniciais indicam, quer dizer serviço de mensagens curtas...
Portugal é o Doutor Vasco Pulido Valente fazendo campismo a uma mesa do Gambrinus, comendo camarões de Moçambique, calibre 20, e deixando a lagosta para os refundadores da direita, da monarquia, dos comentários televisivos das segundas-feiras e da Avenida dos Aliados, no Porto. Portugal não é uma anedota porque, mesmo velho, o senhor Raúl Solnado tem muito mais piada que o país e o largo do Rato. Portugal é uma distante ilha do Pessegueiro, atrasada e inóspita, pronta a ser invadida por uma horda de bárbaros vindos de ocidente a cavalo em canoas trazendo ao leme o heroico beato Alberto João. Portugal é o engenheiro Sócrates jágoverno, feito de caliça e pau a pique, promovendo passaportes, complicando o simplex, estudando manuais de regressão linear e legalizando meia dúzia de emigrantes brasileiros que rentabilizam a indústria do churrasco. Portugal é o salário mínimo exportado para África nos bolsos da comitiva do primeiro-ministro, o conselho superior de defesa nacional convocado sem dúvidas nem enganos para decidir o decidido, esconder o escondido, preservar a virgindade das prostitutas na pre-reforma. Portugal é isto, mais os Drs Marques Mendes, Paulo Portas e Manuel Monteiro sem representação parlamentar e sem crédito no telemóvel para o envio de sms... Que, como as iniciais indicam, quer dizer serviço de mensagens curtas...
2 Comentários:
Acutilante e actualíssima rentrée! A imagem do grande EGO a comer à mesa do Gambrinus deu para riiiir
(amarelo). E não estava lá o MRS, retemperando forças depois de 5 horitas de sono, munta literatura e milhões de setas atiradas para todo o lado? Tanto parolismo bacôco e gente a pagar para nos distorcerem os sentidos!
Sempre um prazer ler o que o escreve.
Parabéns e obrigado
António Moreira
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