17 de novembro de 2015

Do horizonte se fez noite

Com o por do sol do horizonte se fez noite escura, com a lua a caminho do quarto crescente. E a ilha isolada, cercada do mar revolto que perdeu o azul da tarde, sem nenhuma ponte que faça dela península, um istmo geográfico que possa levar-nos ao outro lado do mundo, primeiro degrau da escada para as nuvens altas acima das quais apenas sobrevivem pássaros de ferro, reluzindo ao sol quando o tempo se vira a oriente.

Com a noite até o verde explosivo das hortênsias virou distância, ladeando as veredas sem destino em que se transformaram os caminhos, apesar da luz difusa dos candeeiros de iluminação pública que deixam adivinhar a lava irada dos vulcões para lá do nevoeiro em que se perdeu a tua silhueta esbelta e o castanho tranquilo dos teus olhos se fez estrelinha, um ponto luminoso cintilando ao lado da estrela polar.


Um dia destes há-de ser tempo de lua cheia, um luar brilhante e próximo enchendo-me todo o espaço aberto da janela, a preia-mar trazendo consigo um mar sereno, espelho perfeito a reflectir todo o segredo dos teus passos, os cabelos soltos, um vestido breve esvoaçando ao ritmo a que respiras, a luz tranquila dos teus olhos confundindo-se com o candeeiro que varre todo o cais de embarque. Os barcos balouçando à cadência a que te bate o coração.

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