O sol entrando de braçado
O sol entrando de braçado
pelas frestas estreitas que se abrem entre as estrelas, a milhares de anos-luz,
e esta sede sem limite de abraçar o fogo que desce das montanhas, envolto em
tecidos de linho fresco, varrendo as flores dos castanheiros que seriam
vendidas à dúzia, às esquinas do medo que povoa as ruas desertas das cidades
submersas, onde não há nem rebanhos nem pastores, os prados verdejantes sem
préstimo para nada, domínio público para o desbarato.
Já ninguém tem dúvidas,
ninguém se engana, ninguém se pergunta por que razão hão-de as castanhas ser
assadas às esquinas e vendidas a alguns euros a dúzia, ainda quentes, por mais
frio que seja o inverno que sobe as escadas. Porque hão-de as ameaças de paz
vir sempre a explodir fortunas nos canos das espingardas e no objectivo
milimétrico dos mísseis de longo alcance, arrasando camélias antes que lhes
desabrochem os botões e uma gota de água cristalina fique suspensa na nervura
de uma folha, entre dois raios de sol?
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