18 de abril de 2020

Para que é tanto azul lá fora


Para que é tanto azul lá fora
Tanto céu aberto
Tanto voo de pássaro
Tanto verde crescendo para o sol
Tanta flor abrindo-se para a manhã
Tanto silêncio deserto
Tanta rua larga para lado nenhum
Tanta casa sem portas
Tanto beco sem um candeeiro aceso
Tanta inutilidade nos sinais de trânsito

Tanto rio tranquilo
Sem bóias nem embarcações
Com caudais de espanto descendo para o mar
Correndo entre cais vazios
E bandos de gaivotas assustadas
Pela transparência das águas
E pelo excesso de peixe livre das redes

E onde está a porta
Onde fica o corredor que dá para a alameda
Onde se sente o ar a entrar-nos nas narinas
E a brisa acariciando-nos a face?



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