Duas lágrimas públicas por Jorge Sampaio
Quando em 1989 o Dr. Jorge
Sampaio foi eleito secretário-geral do Partido Socialista, a revista do jornal Expresso
dedicou-lhe um extenso trabalho. Até aí eu não teria ouvido mais do que o seu
nome e não sabia da pessoa coisa nenhuma. E desse trabalho jornalístico retive
dois pequenos detalhes: o rigor com que, em casa dos seus pais, a mãe impunha o
uso da língua inglesa e a conclusão do Expresso de que ele seria demasiado
honesto para o cargo para que fora eleito.
Até há três dias o Dr. Jorge
Sampaio foi tudo o que se sabe. E, de há três dias para cá, foi mais um
conjunto de detalhes que, nas circunstâncias da sua morte, vieram a público.
Como o caso de, enquanto Presidente da República, ter visitado uma recôndita
aldeia do concelho de Baião e ter tido conhecimento de duas irmãs gémeas, com
dez anos de idade, forçadas a abandonar os estudos por falta de transporte e de
possibilidades financeiras da sua família. Prometeu resolver a questão,
resolveu-a, as irmãs voltaram à escola e ele fez questão de acompanhá-las
durante anos.
Nestes três dias foram
unânimes as declarações de figuras proeminentes, salientando a morte de “um
homem bom”. Circunstância rara porque, infelizmente, poucos são os homens bons
que partilham connosco os seus dias, os seus anseios, as suas inquietações e os
seus sonhos. Notáveis, a meu ver, as palavras da declaração do Presidente da
República, pronunciadas após o conhecimento da morte. Por mim, aqui e agora,
duas lágrimas públicas de admiração e de reconhecimento.
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