Política e justiça
Até ontem a política
descredibilizara-se progressivamente, ao longo dos anos. As taxas de abstenção
foram subindo com cada acto eleitoral e os candidatos foram sendo eleitos pelas
suas famílias genéticas e partidárias, assobiando para o lado e mantendo o olho
atento sobre os saldos crescentes das suas contas bancárias. Nunca se
questionando nem sobre o aumento da abstenção nem sobre a representatividade
dos votos expressos.
A partir de ontem a justiça
acompanha a política no mesmo pântano em que ambas chafurdam. Não porque um só
juiz tenha, ao longo de mais de treze resmas de papel e de 6728 páginas, escolhido
uma elite de 5 arguidos entre um universo de 28. Tão pouco porque somente tenha
selecionado os dezassete melhores crimes entre um largo cabaz de 189. Mas pelo
que isso literalmente significa.
Entre prisões preventivas,
prisões domiciliárias, termos de identidade e residência e quejandos, o
processo, as investigações, as buscas, as diligências internacionais, a
instrução e a acusação do ministério público levam mais de seis anos. E não
foram monopólio de apenas dois juízes e de um só procurador; envolveram
seguramente inúmeros especialistas, investigadores, amanuenses e auxiliares.
Madraços, negligentes, incompetentes, bêbados e absolutamente inúteis. Nenhum
deles foi capaz de concluir que um crime prescrevera, que uma escuta fora
realizada sem despacho de autorização, que um flagrante se constatara pelo
buraco da fechadura!
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