18 de outubro de 2021

Minha Mãe, no dia dos teus anos

 

É o teu silencioso sorriso que de manhã atravessa a rua e me inunda o sono inquieto e breve. E de repente ergue-se um sol macio a cheirar a mosto e a dourar a parra que ainda pende das vinhas. Cento e dez é um número redondo e certo como se estivesse suspenso na portada onde começa a longa escada. Chega-me o latido esganiçado de um cachorro rafeiro que abre o caminho entre o orvalho da erva e o canto matinal dos pássaros alçando do ninho. Abre-se-te o sorriso branco dos cabelos e o vinco solene das rugas que te escorrem da face eterna. Não precisamos de mais nada!



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