Futebol – o mundial do Qatar
A fase final do mundial de futebol de 2022 vai disputar-se no Qatar, entre o dia 20 deste mês e o dia 18 de Dezembro próximo, entre 32 selecções de países diferentes, uma das quais do país organizador.
Mas o
que é e onde fica o Qatar? Para além de se saber que é qualquer coisa árabe, a
cheirar a petróleo, alguém sabe onde é e é capaz de o apontar num mapa? Alguém
sabe a dimensão geográfica que tem, as grandes cidades, as grandes figuras
históricas e intelectuais, os grandes feitos? Tem água, luz eléctrica, casas de
banho públicas, televisão e telenovelas?
Tem igrejas, cultos regulares e missas ao domingo, bares para beber um copo,
restaurantes onde se possa comer um hambúrguer, caravanas onde se sirvam
bifanas pela madrugada? E, já agora, quais as suas grandes glórias do futebol?
Foram rivais de Di Stefano, Puskas, Pelé, Eusébio, Maradona? Defrontaram o Real
Madrid, Benfica, Ajax de Amesterdão? E ganharam, empataram ou perderam por
poucos?
O
Qatar é um pequeno país de menos de três milhões de habitantes, situado numa
pequena península do golfo pérsico, confrontando a sul com a Arábia Saudita e
com uma superfície que é sensivelmente um oitavo da de Portugal. Dos seus habitantes
pouco mais de 300.000, representando pouco mais de dez por cento da população,
são nacionais, sendo emigrantes todos os restantes. Politicamente é uma
monarquia absoluta, em poder da mesma família desde meados do século XIX, sendo
que o actual emir ascendeu ao poder depois de ter derrubado o pai, num golpe de
estado, em 1995. Monarquia, para quem não saiba, quer dizer poder hereditário.
Absoluta quer dizer o rei, a que lá se dá o nome de emir, é que manda, ponto
final. Os outros são para obedecer sem reclamar.
A
atribuição da realização do mundial de 2022 foi objecto de larga controvérsia e
contribuiu para a destituição de toda a élite de dirigentes do futebol
internacional, por corrupção, entre eles os presidentes da Fifa e da Uefa, os
bem conhecidos senhores Joseph Blatter e Michel Platini, mesmo que a corrupção
já venha de muito mais longe.
O
mundial deste ano custará muito mais do que qualquer dos anteriores e estima-se
que possa mesmo exceder o custo de todos eles juntos. O Qatar foi obrigado à
construção de oito estádios para alojar a competição, com capacidade para quase
400.000 pessoas, o que significa que todos os nacionais juntos não conseguem
esgotar a capacidade dos estádios. E o preço acessível dos bilhetes vai de cerca
de 1.000 a 5.000 euros, o que permitirá a qualquer português titular do salário
mínimo assistir a um jogo, de um lugar esconso, se se abstiver de tudo durante
um mês e pouco. Ou seja, deixar de comer uma bucha e vestir umas cuecas
encardidas.
Preocupam-se
agora alguns espíritos iluminados e vanguardistas pelo facto de se tratar de um
país árabe, de ditadura implacável, que dá as boas vindas aos turistas desde
que, obviamente, respeitem as leis do país. E essas leis discriminam as
mulheres, diagnosticam a homossexualidade como uma doença de malucos e acham que
o álcool encharca o corpo e corrompe a alma. E essa prática já era observada
quando a organização foi atribuída ao Qatar e os milhares de milhões de euros
começaram a encher as contas da Fifa e dos altos responsáveis pelo futebol
mundial.
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