18 de novembro de 2022

Futebol – o mundial do Qatar

 A fase final do mundial de futebol de 2022 vai disputar-se no Qatar, entre o dia 20 deste mês e o dia 18 de Dezembro próximo, entre 32 selecções de países diferentes, uma das quais do país organizador.

Mas o que é e onde fica o Qatar? Para além de se saber que é qualquer coisa árabe, a cheirar a petróleo, alguém sabe onde é e é capaz de o apontar num mapa? Alguém sabe a dimensão geográfica que tem, as grandes cidades, as grandes figuras históricas e intelectuais, os grandes feitos? Tem água, luz eléctrica, casas de banho públicas,  televisão e telenovelas? Tem igrejas, cultos regulares e missas ao domingo, bares para beber um copo, restaurantes onde se possa comer um hambúrguer, caravanas onde se sirvam bifanas pela madrugada? E, já agora, quais as suas grandes glórias do futebol? Foram rivais de Di Stefano, Puskas, Pelé, Eusébio, Maradona? Defrontaram o Real Madrid, Benfica, Ajax de Amesterdão? E ganharam, empataram ou perderam por poucos?



O Qatar é um pequeno país de menos de três milhões de habitantes, situado numa pequena península do golfo pérsico, confrontando a sul com a Arábia Saudita e com uma superfície que é sensivelmente um oitavo da de Portugal. Dos seus habitantes pouco mais de 300.000, representando pouco mais de dez por cento da população, são nacionais, sendo emigrantes todos os restantes. Politicamente é uma monarquia absoluta, em poder da mesma família desde meados do século XIX, sendo que o actual emir ascendeu ao poder depois de ter derrubado o pai, num golpe de estado, em 1995. Monarquia, para quem não saiba, quer dizer poder hereditário. Absoluta quer dizer o rei, a que lá se dá o nome de emir, é que manda, ponto final. Os outros são para obedecer sem reclamar.

A atribuição da realização do mundial de 2022 foi objecto de larga controvérsia e contribuiu para a destituição de toda a élite de dirigentes do futebol internacional, por corrupção, entre eles os presidentes da Fifa e da Uefa, os bem conhecidos senhores Joseph Blatter e Michel Platini, mesmo que a corrupção já venha de muito mais longe.

O mundial deste ano custará muito mais do que qualquer dos anteriores e estima-se que possa mesmo exceder o custo de todos eles juntos. O Qatar foi obrigado à construção de oito estádios para alojar a competição, com capacidade para quase 400.000 pessoas, o que significa que todos os nacionais juntos não conseguem esgotar a capacidade dos estádios. E o preço acessível dos bilhetes vai de cerca de 1.000 a 5.000 euros, o que permitirá a qualquer português titular do salário mínimo assistir a um jogo, de um lugar esconso, se se abstiver de tudo durante um mês e pouco. Ou seja, deixar de comer uma bucha e vestir umas cuecas encardidas.

Preocupam-se agora alguns espíritos iluminados e vanguardistas pelo facto de se tratar de um país árabe, de ditadura implacável, que dá as boas vindas aos turistas desde que, obviamente, respeitem as leis do país. E essas leis discriminam as mulheres, diagnosticam a homossexualidade como uma doença de malucos e acham que o álcool encharca o corpo e corrompe a alma. E essa prática já era observada quando a organização foi atribuída ao Qatar e os milhares de milhões de euros começaram a encher as contas da Fifa e dos altos responsáveis pelo futebol mundial.

E vocês? Acham que tudo isso é desporto? Como todo o odioso futebol profissional que lá vai?

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