Brasil: uma tragédia
Embora
desencantado, há muito, com o inferior nível da política nacional, dei-me hoje
ao desperdício de ir ver o definitivo debate televisivo entre os dois
candidatos à segunda volta para a presidência do Brasil.
O
Brasil é um grande país, um meio continente, com mais de duzentos milhões de
habitantes. A ele nos une qualquer coisa desde que, por engano, lá chegou Pedro
Álvares Cabral. A que nos ligou ainda mais a residência da corte portuguesa no
Rio de Janeiro e a tarefa do rei D. Pedro IV como imperador D. Pedro I. E
depois, e por mim, pessoas como Machado de Assis, João Guimarães Rosa, Carlos
Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Jorge Amado, Elis Regina, Maria
Bethânia, Maria Gadú, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil.
Mas
o debate da noite passada não ultrapassou as fronteiras do passado e do
insulto. Eu fui, eu fiz, você não foi, você não fez. Acusações recíprocas de
mentiroso e de ladrão, sem uma referência aos problemas que reclamam solução ou
às propostas que se trazem para o futuro. Mais do que uma desgraça, uma
verdadeira tragédia. O Brasil pode não ter nem mais nem melhor, mas o Brasil
precisa e merece muito mais e muito melhor.
Pelos
números que nos chegam o Brasil tem mais do que vinte milhões de pobres,
sobrevivendo não se sabe nem onde nem com que recursos, sem habitação, sem
educação, sem cuidados de saúde, sem emprego, sem recursos mínimos. Nem eles,
nem o futuro em geral mereceram cinco minutos do debate. Numa coisa os
candidatos estiverem de acordo, embora sem intenção: uma vergonha absoluta sob
todos os aspectos. O debate, acrescento eu, que estou de fora e racho lenha. Afinal
a montanha não pariu nem um rato!
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