17 de novembro de 2003

Pronto, já está tudo contente

A inauguração do estádio do Dragão foi ontem e pronto, passou à história. Houve almoço, missa, beberete, visitas, magias, futebol e fogo de artíficio. Agora dizem que é preciso dar tempo para que a relva cresça, seja aparada e se consolide.

Muita gente disse de sua justiça, porque esta gente importante morre por dizer duas palavras. Para uma televisão, uma rádio, um jornal ou uma revista. Como o que é importante é aparecerem a dizer qualquer coisa, muitas vezes não pensam nas palavras e frequentamente não sabem de todo o que dizem.

Não se pretende nem transcrever nem analisar as súmulas das declarações feitas. Mas algumas merecem registo.

Ministro Arnault
Disse que o governo se congratulava com o dia. Mas não falou nem em nome dele, nem em seu próprio. Preferiu falar em nome dos contribuintes que, de norte a sul, orgulham-se de ter participado neste projecto, que é uma referência da arquitectura portuguesa. Creio que se referia apenas aos contribuintes do continente. O que deixa injustamente de fora os governos regionais que não são abrangidos pela linha norte-sul. O Dr Jardim, especialmente, há-de sentir-se discriminado porque também deu para o peditório. Por mim, não me recordo de ter passado procuração ao ministro. Congratulo-me com muita coisa, em muitas condições e, por maioria de razão, com o estádio inaugurado. Na condição de contribuinte? Essa não!

Dr Gomes, ex-presidente da Câmara
Achou a festa ao nível de um estádio de grande qualidade e do desempenho do F. C. do Porto. Não referiu, seguramente por esquecimento ou por nervosismo, que o Dr. Rui não tinha entendido nem compreendido isso como qualquer pessoa com Q.I. normal.

Ricardo Carvalho, jogador
Acha que foi pena o relvado estar em más condições e que, se continuar assim, é melhor continuar a jogar no estádio passado à reforma. Então oh Pintinho, um estádio novo, tão bonito, e o relvado já está estragado?

Martins dos Santos, árbitro
Orgulhoso por ter participado na festa e por levar a bola do jogo, autografada por todos os jogadores, gratuitamente, sem pagar nada. Não mostrou cartões a advertir ou a expulsar fosse quem fosse. E diz que não é virgem. Essa situação, de não mostrar cartões, entenda-se.

Ramalho Eanes, ex-presidente da República
Achou a festa bonita e diz que ela foi do F. C. do Porto e do seu amigo Pintinho. Esqueceu o orgulho dos contribuintes e do Zézé Camarinha.

Hermínio Loureiro, ajudante de ministro
Assim que recebeu o convite ficou em pulgas, a ver que nunca mais chegava a hora. Diz que os portugueses todos devem estar satisfeito pelo Estado ter participado com apenas 25 por cento.

Luís de Matos, mágico
Adivinhou o resultado do jogo com uma semana de antecedência. Promete para breve a adivinhação sobre o vencedor do campeonato. Acha que a sua carteira de encomendas vai aumentar, com muita gente a requerer os seus serviços. Os árbitros impacientam-se com a concorrência.

Reinaldo Teles, dirigente do FC Porto
Disse não haver palavras. E calou-se.

Sardoeira Pinto, dirigente do FC Porto
Disse que o estádio era o prolongamento do céu metido na terra. E é mais perto. A quem interessar, é apanhar a VCI e comprar bilhete.

Manuel Moreira, governador civil
No meio dos 52 mil participantes deu pela falta do Dr. Rio, mesmo que o tivesse informado e insistido com ele, com antecedência, para que estivesse presente. Este atrasou-se e não conseguiu bilhete, pensa ele. Fica para a próxima.

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