9 de dezembro de 2003

O 24 Horas, a Manuela Moura Guedes e a Raquel Cruz

Há já uns anos atrás uma senhora - minha colega de trabalho na altura, por sinal filha de um dos políticos importantes do regime do Dr Salazar - foi lendo livros que me pertenciam. E não resistiu depois, em conversa, a referir-me que habitualmente as pessoas se podem conhecer por aquilo que lêem mas que, no meu caso pessoal, eu a despistava porque ficava sem formular uma ideia a meu respeito por essa via. Ri-me e perguntei-lhe porque o dizia. Retorquiu-me que, entre os meus livros, encontrara biografias de Mao Tse Tung, de Francisco Franco e de Adolf Hitler, ficção de Joaquim Paço d'Arcos, de Jorge Amado e de Soeiro Pereira Gomes, poesia de José Gomes Ferreira, de António Maria Lisboa e de Pablo Neruda. Por exemplo. Voltei e rir-me e disse-lhe que tinha razão, que a mim nunca me iria conhecer por esse caminho.

Não vem isto a propósito de nada ou, se calhar, até vem. O que quero dizer é que, ainda hoje, leio tudo e se não compro mais jornais e revistas é porque o não posso fazer. Por não ter dinheiro para gastar dessa forma - o que inclusivamente iria contra as disposições da Dra Manuela - e porque não passo nem posso passar a ler todo o santo dia. E, além do mais, porque muitas coisas há por aí, nos quiosques, que não merecem uma olhadela, nem de longe e de soslaio. E porque sigo esta conduta? Porque acho que ninguém pode com propriedade falar das forças armadas se não tiver sido militar. Assim como ninguém pode liminarmente apoiar a ida de forças americanas para o Iraque apenas por ter lido os editoriais do Sr José Manuel Fernandes.

De vez em quando compro, para folhear, o 24 Horas que é o jornal que muitos de nós sabemos que é mas ao qual vão dando colaboração - obviamente paga! - algumas figuras conhecidas como o Sr Joaquim Letria, por exemplo. E, até há poucos dias o mesmo acontecia com os Srs Pedro Pinto e Júlio Magalhães e a D Júlia Pinheiro, todos da TVI. A D Raquel, mulher do apresentador de televisão Carlos Cruz, que continua preventivamente detido, mantém também no mesmo jornal uma coluna diária com o título O diário de Raquel. Onde não diz mais do que inutilidades, quase sempre sob a forma de resposta a questões de índole sentimental. A não ser quando se julga conselheira do Supremo Tribunal de Justiça, para agravar a situação e ampliar o vazio.

Esta senhora, como se sabe, sugeriu - ou mais do que isso - que a D Manuela Moura Guedes, mulher do Dr Eduardo Moniz, teria tido em tempos idos qualquer atracção platónica pelo seu detido marido. Ou mesmo algum namoro de cuja existência, se calhar, nem sequer ambos tivessem tido conhecimento. Caiu o Carmo e a Trindade e, segundo mensagem recebida do Sr Berlusconi, a própria Torre de Piza teria inclinado mais dez centímetros e, em Veneza, a água subido nos canais outros dez. De repente os atrás mencionados colaboradores da TVI abandonaram a sua colaboração no jornal 24 Horas, segundo logo correu em obediência a imposição do casal Moniz. E hoje a edição daquele jornal publica na sua última página um esclarecimento assinado pelos três, negando ter havido qualquer tipo de pressão no sentido de cessarem as suas colaborações naquele jornal.

Quanto à parte séria do jornal, ela continua. Na primeira página a revelação de que Alexandra Lencastre foi operada às cordas vocais para deixar a rouquidão com que falava, parecendo-se com o Bonga a cantar ou com algum alcoólico anónimo depois do trigésimo bagaço bem aviado. E ainda cinco - famosas - cinco, que estão sem namorado e que divulgam a lista de atributos que procuram num homem, a começar pelo livro de cheques, pela fragrância do perfume e pela marca das boxers.

Alguém quer, desde que satisfaça os requisitos, que lhes sejam enviadas por mail as respectivas listas para se poderem candidatar? Famosas, já viram bem? Como a Lili Caneças e a Cinha Jardim!

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