9 de dezembro de 2003

Para que serve um blogue - 5

De vez em quando, como uma obsessão ou uma fatalidade, regresso ao tema. Mas sempre porque alguma coisa, em qualquer lado, me despertou a atenção e me espevitou a escrever sobre o assunto mais meia dúzia de linhas. Sempre com a intenção de auxiliar a melhor compreender alguma coisa, mesmo se involuntariamente assumo algumas posições críticas. Devendo esclarecer que mesmo essas eventuais posições são assumidas com espírito positivo, no sentido de ajudar a construir e nunca para destruir seja o que for.

Muito recentemente, de pleno direito e com a total liberdade que a blogosfera deve garantir a todos os seus membros, o Cidadão do mundo salientava o facto de se encontrarem por aí imensos blogues com imperdoáveis erros de ortografia e de sintaxe. E terminava o seu "post" a incitar os "bloggers" nessas circunstâncias, cuja intenção não entendia, a lerem muito. Começando pelos manuais escolares que, provavelmente, em muitas circunstâncias nunca chegaram a ser abertos. Para regressarem à blogosfera apenas quando já estivessem em condições de escrever correctamente.

A meu ver há verdades na constatação do Cidadão do mundo e conclusões insensatas nas suas recomendações. Na minha perspectiva a blogosfera é livre e todos lhe devem ter acesso com as mesmas facilidades ou as mesmas dificuldades. Não é ou não deve ser elitista, de nenhuma maneira. E no meio dela acabamos a encontrar blogues de figuras públicas que acabam a ser líderes de visitas exactamente por isso, sendo certo que muitas vezes estamos em desacordo com as suas opiniões, como já estávamos quando as emitiam nos jornais, nas emissoras de rádio ou nas televisões. Acontecendo que aí não tínhamos nem temos direito a opinião ou a discordar fosse do que fosse. Deparamos também com muitas outras coisas boas, produzidas por desconhecidos do público, mesmo quando os conhecemos pessoalmente ou ao menos de nome. E, naturalmente, confrontamo-nos com o menos bom e às vezes com o mau que na blogosfera, como na vida, fazem parte do nosso dia a dia. Também esses podem aprender alguma coisa no seio da comunidade, como aprendemos todos. Invariavelmente sempre com quem sabe fazer as coisas melhor do que nós.

Na mesma oportunidade, e tomando como ponto de partida o "post" do Cidadão do mundo, também o Congeminações se pronunciou sobre o mesmo assunto para defender mais ou menos aquilo que eu mesmo disse mais atrás. Salientando que frequentemente os erros de ortografia e de sintaxe são mesmo encontrados ao longo das páginas dos mais diversos manuais escolares e de todos os jornais e revistas que utilizamos. Sem que se pense que os respectivos autores sejam iletrados de todo.

A posição do Congeminações põe a questão por outro prisma e confere-lhe uma muito maior gravidade. De facto quase tudo acaba por ser resultado de uma deficiente preparação escolar onde, como se sabe, a língua portuguesa é maltratada em cada ano escolar, do primeiro ao último. A atestá-lo muito melhor do que todos os "posts" que possamos publicar estão as médias obtidas na cadeira de Português nos mais diversos níveis de ensino. Sendo certo que, por isso, também nós todos - televisões, rádios, jornais, individuais - somos responsáveis. Pelos erros que cometemos, algumas vezes por descuido, outras por pressa, muitas por falta de profissionalismo - coisa em que o país é líder, seja qual for a matéria! - tratando a língua portuguesa abaixo de cão. Especialmente quando nos socorremos de todas e quaisquer palavras ou expressões anglo-saxónicas. Desnecessariamente e por simples pedantismo alarve e bacoco.

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