O Dr Paulo Portas substitui o Dr Arnaldo Matos
Confesso! Ontem foi com um deslumbrado deleite que vi o Dr Paulo Portas, ministro, dizer numa das televisões, em directo, que o Dr Soares pai era um político do passado, muito do passado, que se julga ainda hoje dono da democracia. E que - coisa que eu estava longe de imaginar, mas que faz todo o sentido! - segue despeitado dia após dia por três razões essenciais. A primeira porque o seu dilecto filho, Dr Soares filho, perdeu as eleições para a Câmara de Lisboa. O que, naturalmente, o deixou sem emprego e, sem economias feitas - a época foi a do despesismo desbragado do engenheiro Guterres - tem vivido em dificuldades. Como se isso lhe não bastasse, meteu-se ainda em maiores despesas, contrariando as directrizes da Dra. Manuela, metendo-se num processo de separação e divórcio e num novo casamento, já com um novo filho. Este, ainda por cima, nascido no estrangeiro e parece que ai residente, não pode beneficiar do significativo subsídio de aleitação que o ministério do Dr. Bagão vem atribuindo aos jovens casais portugueses. E a avó, D Maria, não pode ficar a tomar conta dele enquanto a nova nora vai para o trabalho, que a vida custa a todos.
Depois, em segundo lugar, o Dr Soares pai julgou que a sua D Maria tinha um emprego estável, garantido para a vida, com direito a reforma por inteiro quando atingisse a idade de sessenta anos e completasse trinta e seis de serviço. Pensava ele, nessa altura, inscrever-se nuns programas de turismo para a terceira idade e ir passar uma semana a Albufeira, outra à Serra da Estrela e, com sorte e a poupança resultante do corte em algumas despesas menos essenciais, até mesmo dez dias à Madeira, numa altura em que o Dr Alberto João tivesse viajado para a América, a beber poncha com a comunidade madeirense. Mas não foi assim e a estabilidade já não é o que era. Foi ele, Dr Portas, quem, em defesa do interesse nacional e da projecção do nome do país na raia galega, pôs termo a tão obtusa situação. A D Maria, consta, chegava sistematicamente atrasada, recusava-se a usar a farda de serviço em sarja azul - da cor o Dr Portas até gostava! - e havia quem, contra todas as boas normas de transparência, lhe marcasse o cartão de ponto à entrada e à saída. E, mesmo no banco de trás, tinha o mau hábito de andar sempre de boleia em carros de serviço, conduzidos por motoristas profissionais e fardados. De boné e tudo!
Como se isso lhe não bastasse o Dr Soares pai, quase que à maneira do Dr Salazar, acabou por saber que já não era presidente da república e que - traição das traições - tinha sido substituído no cargo pelo Dr Sampaio. Um ilustre desconhecido com quem nem sequer andou na escola, não frequentaram a catequese juntos nem sequer foram a acampamentos de escoteiros para os lados da Ericeira na mesma altura. Conviveram apenas, muitas vezes até em lados distintos da sala de congressos, no mesmo partido e mais nada. Nem compadres são e as marias de ambos não frequentam os lanches da Versailles onde poderiam encontrar-se para tomarem um chá açoreano e petiscar meia dúzia de biscoitos de sortido húngaro. Mais do que isso! O Dr Soares pai viveu em França, conviveu com o seu amigo Miterrand, aprendeu a língua, continua a exercitá-la em Estrasburgo, está quase capaz de ler as fábulas do Sr La Fontaine no original. Ao invés o Dr Sampaio prefere aquela língua esquisita que fala o Sr Blair e que o Sr Bush apenas consegue imitar, e mal. Ninguém os entende, nem os iraquianos que ainda não perceberam que os querem libertar e que a guerra acabou em Maio. Até o Sr Solnado era mais organizado nos horários, mesmo os das guerras!
De forma que o Dr Portas afirma-se como muito mais do que como um duplo ministro. Esclarece-me em relação a assuntos de que eu nunca sequer sonhara vir a saber alguma coisa de jeito. E educa - isso é que é importante num político de futuro como ele! - a classe operária. No sentido de que esta se discipline para trabalhar de sol a sol, sete dias por semana, com um ligeiro intervalo ao domingo para a missa e para a comunhão. Sem férias e com um salário mínimo mais do agrado das federações patronais, em perseguição da competitividade e à semelhança do que ele próprio já ensaiou com os jovens entrevistadores da sua defunta Amostra.
É por isso que o Dr Arnaldo Matos pode finalmente dormir tranquilo e dedicar-se à sua actividade profissional de consciência tranquila. O Dr Portas sucede-lhe, como o grande educador da classe operária. No percurso, deseja ele, para o cargo de querido e amado líder. Da Correia do Norte não, do colégio onde frequentou o ensino secundário!
Confesso! Ontem foi com um deslumbrado deleite que vi o Dr Paulo Portas, ministro, dizer numa das televisões, em directo, que o Dr Soares pai era um político do passado, muito do passado, que se julga ainda hoje dono da democracia. E que - coisa que eu estava longe de imaginar, mas que faz todo o sentido! - segue despeitado dia após dia por três razões essenciais. A primeira porque o seu dilecto filho, Dr Soares filho, perdeu as eleições para a Câmara de Lisboa. O que, naturalmente, o deixou sem emprego e, sem economias feitas - a época foi a do despesismo desbragado do engenheiro Guterres - tem vivido em dificuldades. Como se isso lhe não bastasse, meteu-se ainda em maiores despesas, contrariando as directrizes da Dra. Manuela, metendo-se num processo de separação e divórcio e num novo casamento, já com um novo filho. Este, ainda por cima, nascido no estrangeiro e parece que ai residente, não pode beneficiar do significativo subsídio de aleitação que o ministério do Dr. Bagão vem atribuindo aos jovens casais portugueses. E a avó, D Maria, não pode ficar a tomar conta dele enquanto a nova nora vai para o trabalho, que a vida custa a todos.
Depois, em segundo lugar, o Dr Soares pai julgou que a sua D Maria tinha um emprego estável, garantido para a vida, com direito a reforma por inteiro quando atingisse a idade de sessenta anos e completasse trinta e seis de serviço. Pensava ele, nessa altura, inscrever-se nuns programas de turismo para a terceira idade e ir passar uma semana a Albufeira, outra à Serra da Estrela e, com sorte e a poupança resultante do corte em algumas despesas menos essenciais, até mesmo dez dias à Madeira, numa altura em que o Dr Alberto João tivesse viajado para a América, a beber poncha com a comunidade madeirense. Mas não foi assim e a estabilidade já não é o que era. Foi ele, Dr Portas, quem, em defesa do interesse nacional e da projecção do nome do país na raia galega, pôs termo a tão obtusa situação. A D Maria, consta, chegava sistematicamente atrasada, recusava-se a usar a farda de serviço em sarja azul - da cor o Dr Portas até gostava! - e havia quem, contra todas as boas normas de transparência, lhe marcasse o cartão de ponto à entrada e à saída. E, mesmo no banco de trás, tinha o mau hábito de andar sempre de boleia em carros de serviço, conduzidos por motoristas profissionais e fardados. De boné e tudo!
Como se isso lhe não bastasse o Dr Soares pai, quase que à maneira do Dr Salazar, acabou por saber que já não era presidente da república e que - traição das traições - tinha sido substituído no cargo pelo Dr Sampaio. Um ilustre desconhecido com quem nem sequer andou na escola, não frequentaram a catequese juntos nem sequer foram a acampamentos de escoteiros para os lados da Ericeira na mesma altura. Conviveram apenas, muitas vezes até em lados distintos da sala de congressos, no mesmo partido e mais nada. Nem compadres são e as marias de ambos não frequentam os lanches da Versailles onde poderiam encontrar-se para tomarem um chá açoreano e petiscar meia dúzia de biscoitos de sortido húngaro. Mais do que isso! O Dr Soares pai viveu em França, conviveu com o seu amigo Miterrand, aprendeu a língua, continua a exercitá-la em Estrasburgo, está quase capaz de ler as fábulas do Sr La Fontaine no original. Ao invés o Dr Sampaio prefere aquela língua esquisita que fala o Sr Blair e que o Sr Bush apenas consegue imitar, e mal. Ninguém os entende, nem os iraquianos que ainda não perceberam que os querem libertar e que a guerra acabou em Maio. Até o Sr Solnado era mais organizado nos horários, mesmo os das guerras!
De forma que o Dr Portas afirma-se como muito mais do que como um duplo ministro. Esclarece-me em relação a assuntos de que eu nunca sequer sonhara vir a saber alguma coisa de jeito. E educa - isso é que é importante num político de futuro como ele! - a classe operária. No sentido de que esta se discipline para trabalhar de sol a sol, sete dias por semana, com um ligeiro intervalo ao domingo para a missa e para a comunhão. Sem férias e com um salário mínimo mais do agrado das federações patronais, em perseguição da competitividade e à semelhança do que ele próprio já ensaiou com os jovens entrevistadores da sua defunta Amostra.
É por isso que o Dr Arnaldo Matos pode finalmente dormir tranquilo e dedicar-se à sua actividade profissional de consciência tranquila. O Dr Portas sucede-lhe, como o grande educador da classe operária. No percurso, deseja ele, para o cargo de querido e amado líder. Da Correia do Norte não, do colégio onde frequentou o ensino secundário!
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