7 de dezembro de 2003

O colonialista Dr Portas

Ana Sá Lopes perde hoje desnecessariamente tempo com um nado-morto e, lamentavelmente, equivoca-se. Não fosse ela colunista de jornal e se limitasse a escrever para a família e os amigos mais próximos e tudo estaria bem. Assim não, porque vem dar ao inimitável Dr Portas o protagonismo que ele procura permanente e insistentemente por missas, feiras e mercados.

O Dr. Portas está habituado a ser mal interpretado e, fatidicamente, a não ser compreendido. É necessário que se pense um bocadinho nisso e na relação directa que isso tem com o facto tem dos portugueses serem os mais desconfiados da União Europeia. Em relação a tudo e em relação a todos. Não poderiam as coisas ser diferentes em relação a esta tardio marujo de águas doces onde a profundidade não chega para submergir os seus submarinos.

E quanto ao recente amido da D Cinha Jardim! De facto o Dr Portas foi amigo de peito do Dr Monteiro, a quem traiu. Como jornalista, director do semanário O Independente, ainda se recorda um episódio rocambolesco de que se queixa o professor Marcelo que foi enganado.O professor Cavaco ainda hoje mantem uma fotografia sua em cima da secretária de trabalho, lado a lado com a dos netos e venera-a como se ela fosse de um santo. Como deputado conseguiu fazer aprovar uma Lei atribuindo direitos aos ex-militares que gritou ser justa e merecida e vir atrasada. Como ministro da Defesa traiu a Lei primeiro e todos os militares depois e, entretanto, prossegue com recenseamentos que hão-de estar concluídos quanto todos os interessados estiverem mortos. De permeio vai-se entretendo a demitir chefes de estados maiores e, qualquer dia, terá de recrutá-los na classe de sargentos. Como candidato a deputado visitou lares de idosos, jogou à bisca com reformados no Jardim da Estrela, prometeu-lhes pensões que lhes garantissem uma subsistência digna e economias para viajarem num programa turístico para a terceira idade. Como ministro transformou amigos em assessores do seu gabinete, para lhe prestarem ninguém sabe que raio de serviços, e fixou-lhes chorudos vencimentos, dando-lhes carros de serviço de gama alta e indispensáveis cartões de crédito. Ainda como candidato cirandou por feiras e mercados, frequentou lotas, arrematou cabazes de jaquinzinhos e seguiu caminho fedendo a peixe e carregando escamas como se fossem caspa. Como governante traiu o amor pela dignidade das peixeiras e aprovou a compra de submarinos que hão-de competir com a frota espanhola na pesca de alto mar. Se houver combustível para que cheguem tão longe!

Agora, lamentavelmente, não pode - acha ele que "ainda" - pura e simplesmente revogar a Constituição que uma série de iluminados, que correu a informar o professor Jorge Miranda, descobriu não ser democrática desde 1976. Mas está todavia certo na sua intenção de retirar as referências que ali são feitas ao anticolonialismo, para já. Enquanto a República persistir em manter sob o jugo colonial os Srs. Carlos César e Alberto João. Porque, para manter as referências, a ilha do Corvo - com o devido respeito, porque não tem culpa nenhuma de que haja Paulos Portas pelo mundo! - deve ser tão independente como o Canadá e as Selvagens tão independentes como as Berlengas. E os novos países serão felizes, poderão endividar-se à vontade, frequentar todas as romarias de verão e exportar bananas e ananazes. Nessa altura o Dr Portas terá mudado de opinião mais uma vez, com todos nós a importarmo-nos com isso ainda menos do que hoje. Importante é fazê-lo emigrar, antes que ele faça eleger o Dr Santana presidente da república. Chiça!

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