O problema da economia portuguesa não é produtividade. É criatividade!
Os empresários e as suas associações passam a vida a reclamar que os lucros estão abaixo das suas necessidades familiares e que a culpa, segura e invariavelmente, é consequência da baixa produtividade do país. O governo, cada vez mais a seu mando, porque a política dos empresários é o dinheiro, corre a repeti-lo nas televisões e nos jornais. E até o Dr Portas, em comícios de feira, já bradou, tratando os presentes sinistramente por "meus amigos" como se fossem o professor Marcelo, que o que cria riqueza é o trabalho e não são as greves. Nunca esclareceu é como ele próprio ganhara para Jaguares nem com que trabalho os seus assessores garantiam tão elevados ordenados. Mas não têm razão, nem os empresários, nem o governo!
Se o problema fosse realmente de produtividade, estávamos feitos há muito. O empresário português continua a ser provinciano e a usar mangas de alpaca, mesmo quando adquire fatos de melhor corte nos saldos do Rosa e Teixeira ou usa cuecas com a marca Armani bordada a ouro entre dois botões da braguilha. Com baixa produtividade, pensa pequeno, curto e devagar. Quer invariavelmente investir nada para lucrar muito e reclama constantemente fundos comunitários e benefícios fiscais. O seu estado permanente é o de crise, com o ministro da tutela respeitosamente a difundir-lhe a mensagem para que se torne oficial.
Com os financiamentos que obtém a fundo perdido ou a taxas de juro mais favoráveis - porque é para interesse do país - deixa as fábricas e as máquinas velhas que possui aguentarem-se à bronca, como teares com cem anos, seguros com cordeis e presos com arames, instalados no vale do Ave onde o governo, para bem dos peixinhos e do ambiente, investe fortunas na despoluição. Vai entretanto construindo moradias novas, tipo "maison", com cave, três pisos e águas furtadas, além de garagem para quatro carros e piscina coberta que o inverno é frio como o caraças, ainda a água gelava toda como se fosse na Sibéria. Para fazer ver ao vizinho do lado que no ano anterior fez uma barraca apalaçada que nem espaço para um candeeiro de jardim tem à volta. Depois tem que arranjar carros para ocupar a garagem, seria um desperdício deixar aquele espaço sem utilização como as lojas e os escritórios que, para alugar ou vender, se espalham pela baixa do Porto. Então sim, devidamente equipado corre a uma casa de perdição - como diria o Sr. Diácono dos Remédios! - e já vai depressa a tratar de arranjar uma namorada nova, grande e longa, com as pernas altas e um peito pouco atrevido pelo freio que lhe põe a apertada medida do corpete. De profissão, invariavelmente, diz-se industrial, empresário ou, mais eruditamente, gestor de empresas.
Mas o problema da economia nacional não é a produtividade. Tão pouco a contínua subida do euro face ao dólar que, a continuar a cair da mesma maneira, ainda acabará a garantir ao Sr. W. Bush o prémio Nobel da química num dos próximos anos. Por, com vossa licença, ter conseguido transformar o dólar em merda! O problema da economia nacional, definitivamente, é a criatividade. Numa altura em que esta está na moda, quando a ministra das finanças, ela própria, a adoptou no equilíbrio das contas públicas, com malabarismos dignos de artistas do circo Cardinalli, o país revela dificuldades em assimilar os respectivos princípios, como se fossem exercícios de matemática ou de português. Mesmo que, de fio a pavio, de cor e a correr, seja capaz de repetir sem paragens ou hesitações o regulamento completo do Big Brother.
Senão vejamos! Um americano médio, com a cultura e a inteligência suficientes para ser presidente, - o W. Bush é, naturalmente, uma excepção pelo elevado QI que revela! - de meia idade, sem filhos para criar e sem mulher que lhe dobrasse as camisas e arrumasse as peúgas na gaveta, viu-se assim, de repente, no desemprego. Não tendo o Dr Bagão como ministro, a sobrevivência tornou-se-lhe tarefa complicada. Deitou mão das últimas economias e foi ver os filmes do Harry Potter, tendo prescindido das pipocas e da coca-cola porque o dinheiro não deu para tanto. À saída, mentalmente, tinha o esquema gravado na memória, tão fácil como foi aos japoneses fazerem Pearl Harbour em fanicos. No dia seguinte tinha anúncios nos jornais regionais, publicidade na internet e, muito provavelmente, um blogue como o Dr. Pacheco Pereira, embora com menos visitantes e sem "sitemeter" instalado.
Começou a vender propriedades na Lua, em Vénus, Marte e até Plutão. Neste último com o metro quadrado a preço mais acessível, porque é mais longe e os transportes são de pior qualidade que os comboios da Beira Alta. Teve sucesso, vende que se farta, mesmo a prestações segundo o esquema "se quiser ocupe já e pague depois". Apenas se acumulam as formalidades burocráticas de registo e de controlo por atraso na abertura de Lojas do Cidadão, que resolvam tudo. De forma que aqui fica, gratuita e sem reclamação de quaisquer benefícios, a sugestão para a Dra Celeste, da justiça: instale depressa e em força - como se fosse para as campanhas de África - notários e conservatórias que, a prazo, poderão ser privatizados para benefício das contas públicas. Por mim apenas aguardo que sejam construídas auto-estradas, por concurso ou por ajuste directo, a pretexto deste expediente ser menos burocrático, mais rápido e garantir mais e melhores comissões. Não será de certeza o Sr. José Manuel de Mello a construí-las, ele que, com o devido respeito, é burro velho e tem a ronha toda. Poderá, isso sim, pressionar o estado a que as construa para que ele depois as explore e as adquira em mais uma operação de privatização que possa ser criativamente contabilizada pelo guarda-livros das contas públicas.
Nessa altura avanço, determinado e decidido, com o meu infalível projecto das áreas de serviço, antecipando-me à Galp e ao Luís Figo. Como sou um teso, sem sete palmos de terra onde cair morto, alicio desde já os capitalistas da blogosfera para que adiram à ideia. Os seus capitais, garanto-lhes, serão remunerados a taxas mais elevadas do que as que praticou a D. Branca, que repouse em paz. Fico à espera dos abruptos, dos avizes, dos barnabés e dos fedorentos. E até mesmo dos homens a dias, se tiverem conseguido aforrar algum!
Se o problema fosse realmente de produtividade, estávamos feitos há muito. O empresário português continua a ser provinciano e a usar mangas de alpaca, mesmo quando adquire fatos de melhor corte nos saldos do Rosa e Teixeira ou usa cuecas com a marca Armani bordada a ouro entre dois botões da braguilha. Com baixa produtividade, pensa pequeno, curto e devagar. Quer invariavelmente investir nada para lucrar muito e reclama constantemente fundos comunitários e benefícios fiscais. O seu estado permanente é o de crise, com o ministro da tutela respeitosamente a difundir-lhe a mensagem para que se torne oficial.
Com os financiamentos que obtém a fundo perdido ou a taxas de juro mais favoráveis - porque é para interesse do país - deixa as fábricas e as máquinas velhas que possui aguentarem-se à bronca, como teares com cem anos, seguros com cordeis e presos com arames, instalados no vale do Ave onde o governo, para bem dos peixinhos e do ambiente, investe fortunas na despoluição. Vai entretanto construindo moradias novas, tipo "maison", com cave, três pisos e águas furtadas, além de garagem para quatro carros e piscina coberta que o inverno é frio como o caraças, ainda a água gelava toda como se fosse na Sibéria. Para fazer ver ao vizinho do lado que no ano anterior fez uma barraca apalaçada que nem espaço para um candeeiro de jardim tem à volta. Depois tem que arranjar carros para ocupar a garagem, seria um desperdício deixar aquele espaço sem utilização como as lojas e os escritórios que, para alugar ou vender, se espalham pela baixa do Porto. Então sim, devidamente equipado corre a uma casa de perdição - como diria o Sr. Diácono dos Remédios! - e já vai depressa a tratar de arranjar uma namorada nova, grande e longa, com as pernas altas e um peito pouco atrevido pelo freio que lhe põe a apertada medida do corpete. De profissão, invariavelmente, diz-se industrial, empresário ou, mais eruditamente, gestor de empresas.
Mas o problema da economia nacional não é a produtividade. Tão pouco a contínua subida do euro face ao dólar que, a continuar a cair da mesma maneira, ainda acabará a garantir ao Sr. W. Bush o prémio Nobel da química num dos próximos anos. Por, com vossa licença, ter conseguido transformar o dólar em merda! O problema da economia nacional, definitivamente, é a criatividade. Numa altura em que esta está na moda, quando a ministra das finanças, ela própria, a adoptou no equilíbrio das contas públicas, com malabarismos dignos de artistas do circo Cardinalli, o país revela dificuldades em assimilar os respectivos princípios, como se fossem exercícios de matemática ou de português. Mesmo que, de fio a pavio, de cor e a correr, seja capaz de repetir sem paragens ou hesitações o regulamento completo do Big Brother.
Senão vejamos! Um americano médio, com a cultura e a inteligência suficientes para ser presidente, - o W. Bush é, naturalmente, uma excepção pelo elevado QI que revela! - de meia idade, sem filhos para criar e sem mulher que lhe dobrasse as camisas e arrumasse as peúgas na gaveta, viu-se assim, de repente, no desemprego. Não tendo o Dr Bagão como ministro, a sobrevivência tornou-se-lhe tarefa complicada. Deitou mão das últimas economias e foi ver os filmes do Harry Potter, tendo prescindido das pipocas e da coca-cola porque o dinheiro não deu para tanto. À saída, mentalmente, tinha o esquema gravado na memória, tão fácil como foi aos japoneses fazerem Pearl Harbour em fanicos. No dia seguinte tinha anúncios nos jornais regionais, publicidade na internet e, muito provavelmente, um blogue como o Dr. Pacheco Pereira, embora com menos visitantes e sem "sitemeter" instalado.
Começou a vender propriedades na Lua, em Vénus, Marte e até Plutão. Neste último com o metro quadrado a preço mais acessível, porque é mais longe e os transportes são de pior qualidade que os comboios da Beira Alta. Teve sucesso, vende que se farta, mesmo a prestações segundo o esquema "se quiser ocupe já e pague depois". Apenas se acumulam as formalidades burocráticas de registo e de controlo por atraso na abertura de Lojas do Cidadão, que resolvam tudo. De forma que aqui fica, gratuita e sem reclamação de quaisquer benefícios, a sugestão para a Dra Celeste, da justiça: instale depressa e em força - como se fosse para as campanhas de África - notários e conservatórias que, a prazo, poderão ser privatizados para benefício das contas públicas. Por mim apenas aguardo que sejam construídas auto-estradas, por concurso ou por ajuste directo, a pretexto deste expediente ser menos burocrático, mais rápido e garantir mais e melhores comissões. Não será de certeza o Sr. José Manuel de Mello a construí-las, ele que, com o devido respeito, é burro velho e tem a ronha toda. Poderá, isso sim, pressionar o estado a que as construa para que ele depois as explore e as adquira em mais uma operação de privatização que possa ser criativamente contabilizada pelo guarda-livros das contas públicas.
Nessa altura avanço, determinado e decidido, com o meu infalível projecto das áreas de serviço, antecipando-me à Galp e ao Luís Figo. Como sou um teso, sem sete palmos de terra onde cair morto, alicio desde já os capitalistas da blogosfera para que adiram à ideia. Os seus capitais, garanto-lhes, serão remunerados a taxas mais elevadas do que as que praticou a D. Branca, que repouse em paz. Fico à espera dos abruptos, dos avizes, dos barnabés e dos fedorentos. E até mesmo dos homens a dias, se tiverem conseguido aforrar algum!
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial