O centenário do Benfica
O Benfica é, a partir de hoje, também uma instituição centenária. Começou por ser um pequeno grupo, cresceu, ganhou estatuto, atravessou fronteiras. Acabou, como o país e à semelhança deste, a vogar num mar alteroso, pejado de dificuldades, indo além daquilo que era humanamente possível. Improvisando e acreditando que o improviso é a chave para o sucesso. É indiferente que tenha seiscentos mil ou seis milhões de adeptos. O Benfica é, honestamente, uma instituição que ganhou o estatuto de não pertencer à Travessa do Jardim do Regedor, de não pertencer à cidade de Lisboa e de não pertencer ao país que é Portugal. O Benfica para mim, que não sou sequer benfiquista, é uma instituição que pertence ao mundo porque, à sua medida e com a sua glória, se foi apoderando dele. Os centenários, sejam do que for, são para felicitar. E por isso, sinceramente, quero aqui lavrar o registo dessas felicitações.
Mas não deixei de me surpreender hoje com a evocação que durante um jantar de ontem foi feita dos ex-presidentes que ainda vivem e onde se integram nomes de grande admiração e prestígio. Chocou-me que não tivesse sido referido o nome de Vale e Azevedo, que toda a gente sabe estar preso. Condenado num caso, suspeito noutros. Também aqui que ele seja herói ou vilão é perfeitamente irrelevante. Ninguém pode apagar a sua história e ninguém o deve fazer. Ninguém omite da história nacional que temos os reis que julgamos indignos do país que somos. Concorde-se ou não com as suas ideias e com a sua prática, Salazar foi presidente do Conselho de Ministros e figura dominante do século passado. Bom ou mau, honesto ou não, inocente ou culpado, Vale e Azevedo foi presidente do Benfica. O Benfica foi, é e será sempre superior a quem o serve e muito mais a quem dele, eventualmente, se tenha servido ou pretendido fazê-lo. A sua glória é superior à de qualquer pessoa e prevalecerá intacta, aconteça o que acontecer.
A omissão não é obviamente bonita. Até por ser absolutamente desnecessária, independentemente do propósito que tenha perseguido.
Mas não deixei de me surpreender hoje com a evocação que durante um jantar de ontem foi feita dos ex-presidentes que ainda vivem e onde se integram nomes de grande admiração e prestígio. Chocou-me que não tivesse sido referido o nome de Vale e Azevedo, que toda a gente sabe estar preso. Condenado num caso, suspeito noutros. Também aqui que ele seja herói ou vilão é perfeitamente irrelevante. Ninguém pode apagar a sua história e ninguém o deve fazer. Ninguém omite da história nacional que temos os reis que julgamos indignos do país que somos. Concorde-se ou não com as suas ideias e com a sua prática, Salazar foi presidente do Conselho de Ministros e figura dominante do século passado. Bom ou mau, honesto ou não, inocente ou culpado, Vale e Azevedo foi presidente do Benfica. O Benfica foi, é e será sempre superior a quem o serve e muito mais a quem dele, eventualmente, se tenha servido ou pretendido fazê-lo. A sua glória é superior à de qualquer pessoa e prevalecerá intacta, aconteça o que acontecer.
A omissão não é obviamente bonita. Até por ser absolutamente desnecessária, independentemente do propósito que tenha perseguido.
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