Se o procedimento é católico, acho-o pouco humano
Por razões outras, que são apenas pessoais, andei ontem e hoje pelo concelho de Ourém. Em especial pelas cidades de Ourém e de Fátima. Na primeira, aleluia!, começam a encaminhar-se para o fim as obras que a autarquia decidiu realizar. E que poderia ter realizado sem ter que, necessariamente, suprimir alguns pormenores emblemáticos numa cidade de transição entra o litoral beirão e o interior ribatejano, incaracterística, sem nada que lhe confira uma vincada e forte identidade. Mas isso não é assunto que eu tenha que resolver, é apenas o que eu acho e, com sinceridade, digo-o. Ponto final.
Quanto a Fátima continua a ser, por enquanto, uma freguesia do concelho de Ourém. Algumas obras, também realizadas pela autarquia, encaminham-se igualmente para o fim, depois de terem infernizado o inverno a muita gente, mesmo em ano de poucas e curtas chuvas. Em termos de Santuário, e mesmo em parques de estacionamento logo à saída da auto-estrada, são visíveis movimentações que, suponho, têm a ver já com a construção da nova basílica. Cujo projecto não conheço e de cuja grandiosidade apenas ouvi falar. Sou um pouco descrente em relação a tudo o que assume dimensões grandiosas e, por isso mesmo, ainda hoje há centros comerciais onde nunca pus os pés e não sou frequentador dos hipermercados do engenheiro Belmiro. Continuo a ser muito melhor atendido nas pequenas lojas tradicionais bem como nos restaurantes onde a cozinha é sabiamente artesanal.
Em Fátima, todavia, há coisas que são chocantes, em meu entendimento. Primeiro um certo ar de opulência e um desnecessário aparato que a Igreja, ela própria, se permite por via, evidentemente, de algumas das suas congregações. Não basta proclamar a humildade, a justiça e a caridade. Como à mulher de César, não basta que seja séria: é também preciso que o pareça! A mendicidade espalha-se à volta e no interior de todo o Santuário. Não é um fenómeno novo porque, não chegando a nossa, a portuguesa, chegou-nos a outra, a que nos chegou de países mais miseráveis do que o nosso. É caricato que à volta de um recinto que recebe anualmente milhões de peregrinos haja grandes paineis a proibir a mendicidade. E é igualmente caricato verificar que a maioria dos peregrinos a caminho do recinto são pouco ou nada sensíveis aos problemas materiais dos seus semelhantes, limitando-se a ignorá-los, às vezes ostensivamente.
A proibição da mendicidade pode ser um acto elevadamente católico, capaz de contribuir no futuro para a canonização de algum cónego. Mas não creio, seguramente, que seja um processo de que humanamente alguém se possa legitimamente orgulhar. Seja cónego ou completamente leigo!

Em Fátima, todavia, há coisas que são chocantes, em meu entendimento. Primeiro um certo ar de opulência e um desnecessário aparato que a Igreja, ela própria, se permite por via, evidentemente, de algumas das suas congregações. Não basta proclamar a humildade, a justiça e a caridade. Como à mulher de César, não basta que seja séria: é também preciso que o pareça! A mendicidade espalha-se à volta e no interior de todo o Santuário. Não é um fenómeno novo porque, não chegando a nossa, a portuguesa, chegou-nos a outra, a que nos chegou de países mais miseráveis do que o nosso. É caricato que à volta de um recinto que recebe anualmente milhões de peregrinos haja grandes paineis a proibir a mendicidade. E é igualmente caricato verificar que a maioria dos peregrinos a caminho do recinto são pouco ou nada sensíveis aos problemas materiais dos seus semelhantes, limitando-se a ignorá-los, às vezes ostensivamente.
A proibição da mendicidade pode ser um acto elevadamente católico, capaz de contribuir no futuro para a canonização de algum cónego. Mas não creio, seguramente, que seja um processo de que humanamente alguém se possa legitimamente orgulhar. Seja cónego ou completamente leigo!
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