Para acabar com a indigência é preciso alimentá-la
O Porto é seguramente das cidades mais castiças do país. Tem fama de ser provinciana e preserva-a, o que nem sequer é defeito. Mas depois é acusada de tudo e de mais alguma coisa. De vestir de forma meio exótica, de trocar os bês pelos vês, de dizer palavrões a propósito de tudo e de nada. Muitas vezes e em relação a muitas coisas de modo perfeitamente injusto.
As gentes do Porto não são nem melhores, nem piores dos que as outras. Podem até orgulhar-se hoje de terem contribuído decisivamente para que se falasse mal e se dissessem palavrões em todas as idades e circunstâncias. Como podem gabar-se de, graças ou não ao sistema do Dr Dias da Cunha, ir ganhando no futebol e perdendo nas oportunidades. Como no património mundial, na capital da cultura e por aí fora.
Agora a câmara tem em curso um programa chamado Porto Feliz cujo objectivo é retirar os arrumadores das ruas. A cidade encheu-se de cartazes da autarquia a dizer para não darmos a moeda porque a câmara dá. A câmara está como todos sabemos: falida. Quanto a dar, não é diferente dos executivos anteriores: nunca deu nada a ninguém. A verdade é que os chamados arrumadores - que toda a gente sabe que o não são - desapareceram das ruas, reprimidos pelo funcionário camarário.
Não foram todos arregimentados para a construção civil, que está em crise. Além disso a maioria deles não pode com um gato pelo rabo e frequentemente lhes falta a energia suficiente para espetar a agulha de seringa e premir o êmbolo. Mas, sem indigentes nas ruas extingue-se, por falta de motivo, o Porto Feliz. Então é preciso alimentar as ruas com mais indigentes, a riscar automóveis, a indicar lugares vazios e a arrecadar moedas de meio euro.
Assim, na passada sexta-feira, o camartelo avançou para mais demolições no Bairro de S. João de Deus, onde se não recatam propriamente meninas virgens de 15 anos. Uma comissão criada no seio da assembleia municipal para fiscalizar os despejos nem teve tempo de reunir-se pela primeira vez. Em menos de uma hora as paredes foram abaixo e quem não teve tempo de retirar os tarecos ficou com eles soterrados. O presidente da assembleia municipal, um colega de infantário do ministro da defesa, esclareceu que as coisas não podem parar só porque foi formada uma comissão.
A cidade fica à espera desta pressa de fazer - ou desfazer, melhor dito! - coisas. Talvez os buracos das ruas possam aparecer tapados, as ruas reparadas e as obras concluídas. E os sem abrigo que se espalham pela noite incorporados no voluntarioso Porto Feliz.
As gentes do Porto não são nem melhores, nem piores dos que as outras. Podem até orgulhar-se hoje de terem contribuído decisivamente para que se falasse mal e se dissessem palavrões em todas as idades e circunstâncias. Como podem gabar-se de, graças ou não ao sistema do Dr Dias da Cunha, ir ganhando no futebol e perdendo nas oportunidades. Como no património mundial, na capital da cultura e por aí fora.
Agora a câmara tem em curso um programa chamado Porto Feliz cujo objectivo é retirar os arrumadores das ruas. A cidade encheu-se de cartazes da autarquia a dizer para não darmos a moeda porque a câmara dá. A câmara está como todos sabemos: falida. Quanto a dar, não é diferente dos executivos anteriores: nunca deu nada a ninguém. A verdade é que os chamados arrumadores - que toda a gente sabe que o não são - desapareceram das ruas, reprimidos pelo funcionário camarário.
Não foram todos arregimentados para a construção civil, que está em crise. Além disso a maioria deles não pode com um gato pelo rabo e frequentemente lhes falta a energia suficiente para espetar a agulha de seringa e premir o êmbolo. Mas, sem indigentes nas ruas extingue-se, por falta de motivo, o Porto Feliz. Então é preciso alimentar as ruas com mais indigentes, a riscar automóveis, a indicar lugares vazios e a arrecadar moedas de meio euro.
Assim, na passada sexta-feira, o camartelo avançou para mais demolições no Bairro de S. João de Deus, onde se não recatam propriamente meninas virgens de 15 anos. Uma comissão criada no seio da assembleia municipal para fiscalizar os despejos nem teve tempo de reunir-se pela primeira vez. Em menos de uma hora as paredes foram abaixo e quem não teve tempo de retirar os tarecos ficou com eles soterrados. O presidente da assembleia municipal, um colega de infantário do ministro da defesa, esclareceu que as coisas não podem parar só porque foi formada uma comissão.
A cidade fica à espera desta pressa de fazer - ou desfazer, melhor dito! - coisas. Talvez os buracos das ruas possam aparecer tapados, as ruas reparadas e as obras concluídas. E os sem abrigo que se espalham pela noite incorporados no voluntarioso Porto Feliz.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial