6 de abril de 2004

Pode repetir, se faz favor!

Se Portugal está mais rico, vive melhor e gasta muito mais no combate à pobreza, como é que esta teima em permanecer?
( João César das Neves, in Diário de Notícias)

Como? De que Portugal é que fala este homem? Será que se refere ao mesmo a que deu corpo D. Afonso Henriques? Ao mesmo Portugal que descobriu a Madeira e os Açores, que levou Diogo Cão às costas de África e Vasco da Gama à descoberta do caminho marítimo e aos carregamentos de especiarias? Ao mesmo Portugal onde nasceu Brites de Almeida e Nuno Álvares Pereira, conde de Barcelos, Ourém e Ourique, Santo Condestável e herói de Aljubarrota? Àquele Portugal onde, há quase trinta anos, houve uma revolução com cravos espetados nos canos das espingardas e que, segundo o próprio, está destinado a ser governado pelo senhor Manuel Monteiro? Ao mesmo em que o Futebol Clube do Porto é uma nação e o Benfica tem, pelo menos, seis milhões de simpatizantes, um dos quais dá pelo nome brejeiro de Cinha Jardim?

Vive-se melhor? Porra! Deve ser ele a viver melhor e sabe Deus à custa de quem e à custa de quê. Então a pobreza aumenta, há muita gente a passar fome, cada vez são mais e o homem diz que se vive melhor? Gasta-se muito mais no combate à pobreza? Só se for no combate à pobreza de espírito, e deve ser. Ainda não vi o país gastar nada no combate à pobreza daqueles que dormem, acordam e vivem permanentemente na rua, seja inverno ou seja verão. Gasta-se mais em tudo, menos no combate à pobreza. O ministério da saúde está mais empenhado do que nunca, é o maior caloteiro do país, não satisfaz nenhum dos compromissos assumidos, nem com médicos nem com farmácias. E que faz o ministro? Conferências de imprensa e anúncios milionários para os jornais a elogiar-se a si próprio e à sua política de inspiração divina. A repetir, como a Lili Caneças, que todos os portugueses que ainda não morreram, estão vivos!

Este homem, como dizia o outro, não é de cá. Aquilo é de certeza um fenómeno infiltrado, vindo de Marte, aos trambolhões e que terá escapado ao controlo anti-terrorista do W. Bush e do Pacheco Pereira. E de que nem José Manuel Fernandes teve fonte que o informasse. Porque, se a tivesse tido, tinha-lhe dedicado um dos seus eruditos editoriais.

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