11 de agosto de 2004

O evangelho segundo S. João Bosco

S. Bento não é um areópago político, é um mosteiro que acolhe frades sem vocação e sem hábito. Que não andam descalços e não fazem voto de pobreza. Mesmo que, alegando falta de rendimentos, muitas vezes não apresentem declaração de IRS e não prescindam do subsídio para o passe social da Carris.

A congregação não é unânime quanto à língua em que deve ser dita a missa e frades há que divergem mesmo no que respeita ao teor do padre nosso e ao conteúdo do catecismo. Embora tementes a Deus, não raras vezes se manifestam ruidosamente sobre as razões do oposto e o seu contrário. Tanto assim que em situações mais agitadas os claustros são evacuados pelos guardiões do templo, para salvaguarda da fé e da ordem.

Muitas vezes a custo o frade superior mantém a calma e impõe a disciplina, metendo a mão no fundo bolso do hábito singelo e recorrendo ao terço que lhe ofereceram em Fátima, benzido pelo Santo Padre. Persegue sempre, na fé de Cristo e na inquebrável devoção a Maria, o bem da congregação e dos irmãos que a compõem. Quando o entende necessário, como agora, emite uma nota pastoral a esclarecer a razão da sua fé e o porquê das suas convicções.

Vozes infiéis recentemente se manifestaram contra o facto dos irmãos viajarem de avião, com direito a bilhete em classe executiva, podendo trocar esta pela capoeira da turística e fazer-se acompanhar de uma outra pessoa que não necessariamente o cônjuge. Segundo S. João Bosco a possibilidade do acompanhante poder ser outro que não o cônjuge fica a dever-se a motivos razoáveis, incluindo a idade e de saúde.

Quanto à idade, era perfeitamente previsível. Os religiosos devem beneficiar, como qualquer cidadão, do direito à reforma e às generosas pensões que a segurança social paga por aí. Se tiverem sido capelões de um qualquer regimento destacado para as guerras de África terão garantidos mais 13 euros mensais. Palavra do submarino ministro dos submarinos e da defesa. Já não se compreende a preocupação com a saúde. Quando impossibilitados estão abrangidos pelo eficiente sistema nacional de saúde. Caso careçam de alguma cirurgia, como se sabe, é só ligar para a linha azul do ministro Pereira que, pessoalmente, se empenhará junto do senhor José de Melro Mello para que o respectivo nome seja inscrito no princípio da lista. Se mesmo doentes se arriscarem a viajar, é celestialmente dispensada a presença de acompanhante, que o invisível e atento Anjo da Guarda tomará o assunto a seu cargo. E os religiosos, prudentemente, terão o cuidado de, em terra, encomendar a alma a Nossa Senhora de Fátima. Ámen.

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