A Baixa do Porto
O blogue A Baixa do Porto é mantido por Tiago Azevedo Fernandes (TAF) que o conseguiu transformar num exemplo único de abertura à participação de quem devota algum sadio interesse à cidade em que vive. Reveste, em minha opinião, a vertente de serviço público que a autarquia nunca assumiu nem tão pouco alguma vez quis assumir. Estimula a troca incondicional de ideias, na medida em que as acolhe e lhes dá eco, sem fazer uso do lápis azul e sem acrescentar-lhes nenhuns comentários. Posso assegurar que sou, naquilo que digo, perfeitamente insuspeito: não conheço TAF, não sei onde mora, não sei o que faz, não nos encontramos sequer para o cimbalino de depois do almoço.
Comecei por enviar-lhe notícia dos posts que aqui inseria e que tinham relação com o Porto. Muito redigidos ao meu jeito pessoal e solitário, na procura da ironia, algumas vezes na raia do sarcasmo, quase sempre na crítica sem complacência à ofensa que decerto é tomarem-nos levianamente por tolos, como muito convencidamente fazem. Sem o solicitar, foi-me "linkando" concedendo, generosamente, que as linhas que ia dedicando à cidade em que vido eram mais uma participação que se enquadrava nos propósitos do blogue.
As opiniões a que dá acolhimento não são, felizmente, unânimes. A unanimidade é coisa abstracta, apenas possível em congressos de partidos políticos que fingem eleger dirigentes e programar patrioticamente o nosso futuro. E o conteúdo do blogue não é político, é cívico! São, por isso mesmo, devidos rasgados elogios a TAF e ao blogue e, sem peso na intervenção, passei a inclui-lo no meu roteiro diário de voltas pela cidade virtual, como um turista permanente que a descobre a cada dia que passa, cada vez mais doente e sem cuidados paliativos.
Um pequeno contributo de Pedro Aroso, no dia 28, a que deu o título "O pior cego é aquele que não quer ver", contestando posições assumidas pelo presidente da Câmara acabou, sem que o autor muito provavelmente o tivesse desejado, por conseguir duas espantosas coisas. Uma delas, de todo temporã e dispensável, a invasão da indigente politica profissional, com cartão de militante, quotas em dia e desempenho de cargo. A outra, a aplaudir a mãos juntas, de pé e por aclamação como nos congressos, trouxe-nos a subtileza fina da ironia e a gargalhada atónita e quase obscena da comédia revisteira. Celebre-se, quanto a esta, o serôdio aparecimento do presidente de uma Junta de Freguesia da cidade, eleito pelo PSD, e a sua longa história trágico-marítima num inumerável rol de disparates e um equívoco.
Não vou aqui enumerar exaustivamente cada um dos panegíricos factos do extenso e desbragado rol, tanto mais que há dois dias que não contenho o riso em que me contorço até às lágrimas, com prejuízo do diafragma, da traqueia e da bexiga que se me solta em frequentes e curtos espasmos à frenética cadência da gargalhada. Mas não posso todavia deixar de salientar o rigor orçamental IMPRESSIONANTE e sem paralelo. Só por isto tem o autor da fábula entrada garantida no paraíso, sem se prostrar em oração virado para Meca, sem respeitar o período de jejum imposto pelo Ramadão, sem necessidade sequer de adquirir bilhete de ingresso. Com direito a todas as mordomias, incluindo carro de serviço, despesas de representação e um razoável número de virgens, com véus transparentes cobrindo-lhes as faces e requebrando sensualmente as ancas ao ritmo da dança do ventre.
Seja-me permitido que apenas destaque aqueles que, pessoalmente, mais me sensibilizam. Desde há anos que tremo de pavor, se me esvaem as forças e se me enrubesce a face sempre que pressinto que alguém, por chacota, me vai falar na Casa da Música ou no túnel de Ceuta. Podiam referir-me coisas de que me orgulhasse e que modestamente me elevassem o astral como tanto quer o primeiro-ministro e melhor consegue o litro do bom verde de Amarante. Podiam falar-me nisso, no festival da francesinha, cuja fama ultrapassou a Foz velha, se espraiou pelas esplanadas da praia dos ingleses, galgou terreno e chegou a heróicas paragens de Pampelido. Dizem até que velhos faroleiros gritam a grandeza do evento para o nevoeiro cerrado que envolve o cabo Finisterra, pondo em causa a segurança da navegação de antigas caravelas movidas a energia nuclear.
Quanto ao resto, descanse o pequeno elo da cadeia autárquica. Correrei ao site onde mora o amo que tão fielmente serve e tão garbosamente defende. Deixarei recado sobre o destemor com que abre o peito à luta e se expõe às setas imprevidentes da cegueira que não vê. Não será por isso que não terá lugar nas listas para as eleições de 2005. A tempo de ser oficialmente convidado para a inauguração oficial da Casa da Música e para o respectivo beberete. Em 2001, como manda o rigor do calendário a que se acorrenta!
Comecei por enviar-lhe notícia dos posts que aqui inseria e que tinham relação com o Porto. Muito redigidos ao meu jeito pessoal e solitário, na procura da ironia, algumas vezes na raia do sarcasmo, quase sempre na crítica sem complacência à ofensa que decerto é tomarem-nos levianamente por tolos, como muito convencidamente fazem. Sem o solicitar, foi-me "linkando" concedendo, generosamente, que as linhas que ia dedicando à cidade em que vido eram mais uma participação que se enquadrava nos propósitos do blogue.
As opiniões a que dá acolhimento não são, felizmente, unânimes. A unanimidade é coisa abstracta, apenas possível em congressos de partidos políticos que fingem eleger dirigentes e programar patrioticamente o nosso futuro. E o conteúdo do blogue não é político, é cívico! São, por isso mesmo, devidos rasgados elogios a TAF e ao blogue e, sem peso na intervenção, passei a inclui-lo no meu roteiro diário de voltas pela cidade virtual, como um turista permanente que a descobre a cada dia que passa, cada vez mais doente e sem cuidados paliativos.
Um pequeno contributo de Pedro Aroso, no dia 28, a que deu o título "O pior cego é aquele que não quer ver", contestando posições assumidas pelo presidente da Câmara acabou, sem que o autor muito provavelmente o tivesse desejado, por conseguir duas espantosas coisas. Uma delas, de todo temporã e dispensável, a invasão da indigente politica profissional, com cartão de militante, quotas em dia e desempenho de cargo. A outra, a aplaudir a mãos juntas, de pé e por aclamação como nos congressos, trouxe-nos a subtileza fina da ironia e a gargalhada atónita e quase obscena da comédia revisteira. Celebre-se, quanto a esta, o serôdio aparecimento do presidente de uma Junta de Freguesia da cidade, eleito pelo PSD, e a sua longa história trágico-marítima num inumerável rol de disparates e um equívoco.
Não vou aqui enumerar exaustivamente cada um dos panegíricos factos do extenso e desbragado rol, tanto mais que há dois dias que não contenho o riso em que me contorço até às lágrimas, com prejuízo do diafragma, da traqueia e da bexiga que se me solta em frequentes e curtos espasmos à frenética cadência da gargalhada. Mas não posso todavia deixar de salientar o rigor orçamental IMPRESSIONANTE e sem paralelo. Só por isto tem o autor da fábula entrada garantida no paraíso, sem se prostrar em oração virado para Meca, sem respeitar o período de jejum imposto pelo Ramadão, sem necessidade sequer de adquirir bilhete de ingresso. Com direito a todas as mordomias, incluindo carro de serviço, despesas de representação e um razoável número de virgens, com véus transparentes cobrindo-lhes as faces e requebrando sensualmente as ancas ao ritmo da dança do ventre.
Seja-me permitido que apenas destaque aqueles que, pessoalmente, mais me sensibilizam. Desde há anos que tremo de pavor, se me esvaem as forças e se me enrubesce a face sempre que pressinto que alguém, por chacota, me vai falar na Casa da Música ou no túnel de Ceuta. Podiam referir-me coisas de que me orgulhasse e que modestamente me elevassem o astral como tanto quer o primeiro-ministro e melhor consegue o litro do bom verde de Amarante. Podiam falar-me nisso, no festival da francesinha, cuja fama ultrapassou a Foz velha, se espraiou pelas esplanadas da praia dos ingleses, galgou terreno e chegou a heróicas paragens de Pampelido. Dizem até que velhos faroleiros gritam a grandeza do evento para o nevoeiro cerrado que envolve o cabo Finisterra, pondo em causa a segurança da navegação de antigas caravelas movidas a energia nuclear.
Quanto ao resto, descanse o pequeno elo da cadeia autárquica. Correrei ao site onde mora o amo que tão fielmente serve e tão garbosamente defende. Deixarei recado sobre o destemor com que abre o peito à luta e se expõe às setas imprevidentes da cegueira que não vê. Não será por isso que não terá lugar nas listas para as eleições de 2005. A tempo de ser oficialmente convidado para a inauguração oficial da Casa da Música e para o respectivo beberete. Em 2001, como manda o rigor do calendário a que se acorrenta!
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