7 de novembro de 2004

Este tempo de domingo

A norte, por este primeiro domingo de Novembro, entrou um vento desabrido, assobiando nas frinchas, rodopiando na roupa seca dos estendais, varrendo as folhas cor de outono até ao fundo da rampa da Escola Normal. Um temporão e arrogante sol de inverno subiu apressadamente pelo horizonte, afagando gatos vadios estendidos nas soleiras, penetrou para lá do organdi empoeirado e bafiento das cortinas. Correu ligeiro sob nuvens altas que a noite há-de trazer cedo, escuras e sombrias, enquanto os ponteiros dos relógios aguardam pela mudança da hora. Está bom tempo para a missa a que apenas vão cada vez mais faltando os fiéis, cansados uns, por converter outros. Mal vai para os mercadores, a rua deserta apenas acumula lixo espalhado e sacos de plástico, a madeira carcomida das portas e janelas quase cede à desertificação dos armazéms. Já mais ninguém compra fio do norte, já mais ninguém se alumia à luz da estearina!

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial