5 de dezembro de 2004

Absoluta não!

Regresso a casa. Um rapaz com aspecto envelhecido e sotaque esquisito, aparentando ter o fígado conservado em vinha-de -alhos, invoca freneticamente uma perigosa brigada do reumático e um lar de terceira idade acolhendo todos os velhos do Restelo. Ameaça fazer-se acompanhar de meia dúzia de jagunços de pé descalço, empunhando catanas, para invadir o quintal dos ranhosos e por a estrebaria na ordem.

Noutro lugar um coelho falante, usando óculos que lhe dão um ar de intelectual tipo filósofo, sem que lhe dêem nenhuma cenoura, suplica aquilo que já por duas vezes deram aos outros. Para que possam dispor à vontade de uma boa e afiada faca e de todo o queijo para si. Porque agora é que sim, porque antes é que não. Mas as caras não são sequer originais, já apareceram pelas televisões a discutir política, a comentar futebois, a aplaudir a concordata e o bruxo do Marco de Canavezes.

Vou ter que procurar bem. Vou ter que votar de maneira a evitar a maioria absoluta seja de quem for. Por mim a ditadura finou-se em 1974. Não dou para nenhum peditório que me queira trazer outras de volta. Não sei como mas deve haver uma maneira.

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